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Channel: Não Sei Lidar
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Minha vida é muito curta para

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1) Ficar preso em regras sociais que nada me oferecem de bom, apenas dores de cabeça, horas de tédio e sapos para engolir. Não é porque todo mundo acha que eu TENHO QUE que eu realmente tenho, a menos que esteja escrito na lei. É "família", mas me faz mal? É "amigo", mas age como inimigo? Adeus.

2) Sofrer com a modorrência de livros chatos que desde o começo já deram sinais de NÃO VAI PRESTAR só porque paguei por eles. Amigo, acorda. Você já gastou o dinheiro e ainda quer o martírio completo?

3) Ficar me prendendo e não fazer o que eu quero com medo/vergonha de como as outras pessoas vão reagir, se vão gostar, se não vão. Imagina que bosta se VOCÊ MORRE, a pessoa continua vivona e você foi o trouxa que ficou na vontade. Quer chamar alguém pra sair? Chama. Quer dizer um NÃO porque realmente tá sem vontade? Diga. Quer perguntar ou pedir alguma coisa? Faça.

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4) Não dizer para as pessoas o quanto eu realmente gosto delas, porque, às vezes, olha que absurdo, elas não sabem! Quem iria imaginar?

5) Não dizer para as pessoas quando elas fazem alguma coisa que me ofende, porque, adivinha só, às vezes elas também não sabem! Se eu não falar, elas nunca vão saber e nunca vão parar.

6) Brincar nesses joguinhos de não pode fazer coisa tal, porque senão os outros vão pensar que eu sou de tal jeito e isso é ruim pra mim, sendo que eu realmente sou de tal jeito e minha vida é de fato fazer coisa tal. Se eu sou dramático, eu sou e acabou. Se eu sou carente, eu sou e acabou. Se eu não sou o nerdão rato de computador que aquela vaga de emprego exige, então eu não sou. Eu posso mudar? Posso. Mas nada de fingir ser uma coisa que eu simplesmente não sou.

7) Não correr atrás dos meus sonhos por causa de medo de parecer idiota ou de dar errado lá na frente. Meu amigo, VOCÊ SÓ TEM UMA VIDA. Se você não tentar chegar o mais perto possível do que te faz feliz, qual é o sentido? Viver pra morrer?

Paz e amor na minha caixa de entrada

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Foram mais de 200 e-mails circulando desde que eu dei início ao Por uma caixa de entrada mais feliz. No post, eu até comentei que nem ficaria surpreso se 0 pessoas participassem porque, gente, quem troca e-mail pessoal hoje em dia com whatsapp dominando o mundo, não é mesmo? Mas eu troco todos os dias dezenas deles e me sinto muito feliz com isso. Por isso eu pensei: Vai que alguém gostaria de fazer isso pelo menos uma vez?

Eu fiquei muito surpreso com a adesão, sério! Tinha que ter um vídeo mostrando a minha reação quando eu vi que 6 pessoas tinham se inscrito. SEIS! Incríveis seis pessoas! Depois eu surtei com 7, DEZ, 15. Com vinte pessoas, eu já fiquei MEU DEUS DO CÉU, de onde tá vindo tanta gente? oO Eu nem sabia que esse blog tinha a capacidade de alcançar 31 pessoas desse jeito, mas, de alguma forma, aconteceu.

E eu passei dias interagindo com 31 pessoas da melhor forma que eu pude. Ainda estou, na verdade.

E ESTÁ SENDO TÃO BOM.

Achei que fosse uma coisa super rápida, mas levei uns 18 dias para conseguir falar com todo mundo. Eu não queria enviar um textão pronto, como acontece com newsletter, porque eu queria ter certeza de que a pessoa soubesse que eu estava realmente olhando pra ela. Então eu dei o meu melhor para encontrar o equilíbrio entre enviar um texto pessoal e não demorar uma vida pra isso. Só que, gente, tinha dia que NÃO DAVA. Eu não estava com cabeça para falar com ninguém ou já estava sentindo o cansaço natural que acontece quando você conversa sobre o mesmo livro COM OITO PESSOAS DIFERENTES. Então eu deixava para mandar o e-mail em outro momento, quando eu estivesse mais disposto. E teve também a adesão de pessoas que eu nem conhecia, o que foi ótimo, mas muito mais difícil de mandar algo pessoal, já que eu não sabia nada sobre a pessoa do outro lado. Mas iniciei uma conversa mesmo assim.


Se eu não me engano, era a dona do Manual Prático de Bons Modos em Livrarias que tinha uma página no Facebook que ela carinhosamente chamava de Comunidade Hippie, coisa que eu nunca entendi bem, mas imaginava um lugar feliz com as pessoas interagindo e tal. Daí que quando EU SENTI O PODER dessa troca de e-mails, quando eu percebi que não estava apenas deixando a caixa de entrada alheia um pouquinho mais feliz, mas também recebendo muito de volta, eu tive que roubar o nome, porque ali no e-mail estava brotando uma comunidade hippie muito legal.

Eu consegui juntar pessoas que nunca imaginei conversando juntas e deu super certo. Alguns foram mais tímidos, escrevendo pouco, outros já vieram cheios de assuntos, e eu fiquei fascinando com o tanto de gente diferente.

Nossa, foram tantas indicações de séries, tanto das pessoas quanto minhas (TEVE GENTE VENDO SURVIVOR PORQUE INDIQUEEEEEEEI), todo mundo mandou eu ler Fangirl, eu indiquei alguns livros e me joguei nas conversas sobre escrita. Meu deus, eu amo conversas sobre escrita criativa. Daí que teve a parte sobre família onde eu senti que as pessoas realmente se abriram, sabe? Teve gente que eu só conhecia por um avatar e agora eu consigo imaginar numa casa com filhos, cachorro, maridos, esposas, um trabalho... Eu recebi bons conselhos e dei alguns. Algumas pessoas me contaram alguns segredos, e eu achei o máximo esse nível de conexão! Recebi umas histórias pesadas também que me deixaram com vontade de atravessar o computador e dar um abraço na pessoa.

Algumas conversas estão fluindo até agora, 20 dias depois, outras morreram cedo e isso não tem problema nenhum. O objetivo era mesmo só mandar 1 e-mail e, com um pouco de sorte, iniciar uma conversa. 2 pessoas não responderam (ainda) e tá tudo bem! Em algumas conversas, eu até fiz questão de frisar que a magia do e-mail é justamente essa: Responder QUANDO e SE quiser. Sem cobrança, sem sentimento de culpa, sem ter pressa! Até comentei que a minha amiga mais íntima me respondeu semana passada um e-mail que eu enviei VINTE E DOIS DIAS ATRÁS. E continua tendo um lugar no meu coração.

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Por fim, eu queria agradecer a todo mundo que se cadastrou, mesmo quem não respondeu, porque foi bom demais saber que tem gente aí do outro lado lendo as lorotas nesse blog e, mais incrível ainda, gente que compartilha e faz chegar em outras pessoas <3 OBRIGADO. É uma pena que vocês não consigam ter a visão do todo, pois para muitos foi apenas eu falando com vocês. Mas, pra mim, FOI UMA LOUCURA, TANTAS MENSAGENS POSITIVAS, SÓ GENTE BOA, TANTOS ASSUNTOS, VAMOS SE BEIJAR, EU AMO VOCÊS. Tinha que ter um lugar pra todo mundo aparecer e se abraçar. Construam. OBRIGADO DE NOVO!

Eu vou continuar nesse ritmo interagindo nas conversas que durarem. Quem não conseguiu participar (porque eu tive que fechar o formulário depois de um tempo), fica tranquilo. Eu pretendo fazer mais vezes com novos assuntos e tal. E você sempre pode me mandar um e-mail falando QUALQUER COISA pelo formulário de contato. Estou sempre no Twitter também!

Agora deixa eu voltar pra minha caixa de entrada que tem muita coisa para responder.

Danos cerebrais?

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Tenho sido obrigado a conviver com umas dores de cabeça vindas do além faz um tempo. Eu acordo e, PAH, enxaqueca, como se eu tivesse bebido todas na noite anterior e não ido dormir às 21h após uma meia horinha falando groselha no Twitter. Quando eu comecei a sentir os formigamentos e fiquei todo VOU MORRER, achei que já estava na hora de bater um papinho com um neurologista. Visualizem que meu estado mental há dois meses estava sendo "Há um tumor no meu cérebro, o Google me disse".

Daí que o Neuro passou uns remédios e uns exames, que prontamente fiz e fui lá entregar. Os agendamentos de consultas são todos online. Assim que eu cheguei no consultório para entregar os resultados do exame, reparei que não fazia ideia de onde estava. Gente, que lugar é esse? Eu já pisei aqui? Mas, se eu estava indo devolver os exames, era sinal de que era minha segunda vez, né? O Alzheimer já agindo.

Quando eu finalmente fui atendido, o médico (que eu reconheci!) disse: "Sua primeira vez aqui, né? Como eu posso te ajudar?"

Meu senhor, para começar, você precisa se ajudar, pois o Alzheimer já tá pegando o senhor também.

O neuro tem bem essa cara de vilão de Sense8, juro
Inclusive, morri de medo dele querer me lobotomizar

Daí ele explicou que tinha mudado de consultório (ah!) e trocado de sistema (AH!), por isso tinha perdido meus dados anteriores (parabéns). Expliquei meu caso de novo e o que ele já tinha me solicitado, então mostrei as... mostrei as... radiografias? Aquelas fotos do meu cérebro que a ressonância magnética me deu.

Como o neurologista deveria reagir:

- Humn... Está tudo bem.

Como ele reagiu:

- Nossa, isso aqui está tão danificado!

COMO É QUE É? MEU CÉREBRO, NINGUÉM SAI. MEU SENHOR, ME EXPLICA ISSO.

- Como assim?


- Aqui, ó. O seu aparelho ortodôntico interferiu na ressonância, daí saíram algumas manchas brancas nas imagens. Mas dá pra ver que está tudo normal, sim.


Gente. Para quê tato ao lidar com o paciente, não é mesmo?

Ele me passou mais remédios, me deu um diagnóstico que não envolve danos cerebrais (quem diria) e pediu para eu fazer uma espécie de diário da dor de cabeça. Ainda bem que ele explicou que é uma tabela para anotar quando começou, quando terminou, a intensidade, se eu tomei algum analgésico etc, senão ia sair do consultório imaginando algo assim:


Diário da dor de cabeça, dia 1
Querido diário,
Hoje o Felipe acordou com muita disposição, está planejando trabalhar em muitas coisas e, isso mesmo, não vai conseguir fazer nada porque hoje é meu dia e não divido atenção. Volta pra cama, Felipe


Diário da dor de cabeça, dia 2
Querido diário,
O Felipe tentou me matar com um analgésico Hahahahahah Meu amor, se toca, o que não me mata me fortalece. Bjs.

***
 
Imagina se eu tivesse danos cerebrais.

a NOSSA opinião

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Estava discutindo com um colega meu sobre a inclusão de pessoas trans na sociedade por causa de uma matéria sobre uma menina trans que foi proibida de usar o banheiro feminino da escola onde estudava. Gerou a maior polêmica e tal, mas, ao invés de bater boca e defender ferrenhamente um dos lados da discussão, eu tenho a tendência de ficar em cima do muro e procurar por uma alternativa que seja menos impactante para ambos os lados, a alternativa que causar menos atrito. Só que a discussão com o meu colega não estava indo a lugar nenhum, e eu percebi que discordávamos no conceito básico de pessoa trans.

- Ela fez a cirurgia de transição?
- Não sei, ué. Provavelmente não.
- Então não pode usar o banheiro feminino, ainda é homem.
- Mas, gente, se é mulher trans, é mulher!
- Não fez a operação! Não é trans então.
- Mas ser trans não é sobre a operação!
- Claro que é.
- Gente???
- Na minha opinião, é.
- Como assim na SUA opinião?
- É como eu vejo.
- Mas não tem nada a ver com você! Tipo, a sua opinião ou a minha nem estão em discussão aqui. Não fui eu quem inventou a definição de pessoa trans, ela está aí, divulgada publicamente. É tipo eu afirmar que Plutão ainda é planeta, sendo que a NASA, que é a autoridade no assunto, diz que não é.

Pensando nisso depois (porque eu fico repassando minhas discussões mil vezes na cabeça), eu reparei que essa NOSSA opinião é sempre um problema. A NOSSA vivência sempre atrapalha em debates que envolve muitas pessoas.



Ontem, por exemplo, eu estava lendo uma discussão no Twitter em que pessoas discutiam se o certo era bolacha ou biscoito. Tudo na brincadeira, claro (nem tanto). É a velha discussão que uma hora ou outra sempre vem à tona. Os cariocas fazendo de tudo para provar que o certo é biscoito, os paulistas batendo o pé para firmar bolacha como o correto. O barraco nunca acaba. Porque é uma coisa tipo "EU sempre falei biscoito, EU aprendi que é biscoito desde criança, todo mundo que EU conheço fala biscoito, então é biscoito". O mesmo pro Team Bolacha.

***

Gente, vamos aceitar que nossa vida é bastante limitada no que diz respeito a servir de amostra para todas as discussões do mundo? Os meus vinte e poucos anos simplesmente não incluem nem metade das realidades existentes. O que eu vivi, como eu vivi, por onde eu passei, o que eu gostei ou não gostei é somente 1 realidade no meio de trocentas outras.

Ah, mas é biscoito. Meu querido, aquela outra pessoa aprendeu bolacha. Sim, você nem sabia que existia essa possibilidade, mas num estado ao lado do seu todo mundo fala bolacha. E TÁ TUDO BEM.

Ah, mas eu sofri bullying na escola e não fiquei com nenhum trauma. Que bom pra você, né? Mas tem gente que sofreu e não conseguiu superar. Tem gente que se mata por causa disso.

Ah, mas me chamam de GOSTOSA na rua todo dia e eu acho ótimo. Filha, ok, mas tem gente que não gosta, tem gente que se sente invadida, tem gente que acha abusivo.

Sabe, aceita que sua vivência não é universal! O que você acha, no fim das contas, conta muito pouco. É importante como dado numa discussão? SIM. Mas é uma informação entre muitas. Não dá para dar pitaco na vida ALHEIA levando em consideração apenas VOCÊ.

É bem simples: Viu que a outra pessoa tem um ponto de vista diferente? Pare, escute, entenda do que se trata. É muito mais construtivo do que invalidar de cara só porque não aconteceu com você.

***

Achou esclarecedor? Achou verdadeiro? Foi tão bom para você quanto foi para mim? Então me ajuda a levar essa mensagem adiante compartilhando nas redes sociais? Se você não puder ou não quiser, eu vou entender. Mas ficarei muito grato com a sua ajuda.

Se você não compartilha do mesmo ponto de vista que eu, NÃO VEM TENTAR ME INVALIDAR, SAI DAQUI. Brincadeira. Pode comentar aí que eu sou todo ouvidos.

Melodias gostosinhas

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Vocês já perceberam que eu não falo sobre música? Aqui vai uma revelação, mas vocês precisam prometer que vão continuar sendo meus amigos.

Preparados?

Eu não me importo muito com música.

Estão de pé? Ainda estão por aí?

Sou completamente alienado da música no mundo, eu tenho menos de 200 faixas no meu celular, jamais que vou me cadastrar no Spotify, morro de preguiça de playlists e acho surreal ver pessoas comentando trilhas sonoras de filme, uma vez que eu não dou a mínima e nem presto atenção.

Conhece aquela música nova da Taylor Swift? Não. Viu o dueto do fulano rei do pop com o rapper fulano de tal? Também não. Assistiu os shows do Rock in Rio? Hahahahahahah. E as pessoas sempre pensam que eu não sei nada de música, porque sou cristão e que acho que é coisa do diabo. Gente, nem de música gospel eu sei. Minhas referências de música gospel, tirando algumas exceções, são de mais de cinco anos atrás. Você pergunta o que as pessoas ouvem nas rádios cristãs hoje em dia e eu não faço a menor ideia.

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Não é como se eu não gostasse de nada. Eu vejo The Voice gosto, eu só não sei dizer exatamente do quê. Para me aproximar dessa forma de arte, eu tive que ir atrás e descobrir o que me agradava. Eu demorei um pouco para me encontrar, para identificar do que eu realmente gostava. Até hoje eu não sei explicar bem o meu tipo de música favorita, mas já tenho algumas pistas. Resumindo: eu gosto de vozes esquisitas, mas bem trabalhadas. Eu gosto de instrumentos diferentes. Eu gosto de gente que nunca canta a mesma estrofe do mesmo jeito. Eu gosto de melodias gostosinhas (fica aí o suspense do quê isso significa).

Foi ouvindo a Caroline Pennel na quinta temporada do The Voice que eu fiquei OPA, É ISSO.

A música originalzZzZ:


A magia da Caroline deixando a música irreconhecível e linda:


Através dessa menina, eu descobri a música indie, o rock alternativo, gente esquisita e um monte de vozes divididas e violão. O que eu gosto nesse estilo é que é muito mais sobre a voz da pessoa do que sobre os instrumentos e as letras. Sim, eu gosto de apreciar a voz. Letras indies, geralmente, são sem pé nem cabeça (Vide as letras da Banda do Mar), são simples. Mas eu sinto que é como se o artista estivesse completamente sem recursos, talvez apoiado só num violãozinho mequetrefe, e daí, BUM, o talento aflora, sabe? Sem uns arranjos bonitões pra mascarar a voz, sem um rapper famoso entrando no meio da música, sem ser clichê e repetir o refrão 200 vezes como num copy and paste. Eu gosto de ouvir isso: A VOZ. E acho tão gostosinha essa vibe Noite Feliz, vamos nos abraçar, talvez fumar uma maconha no processo, fechar os olhos e sentir a música. São melodias que não estressam, não agridem, que fazem a gente roncar, que acalmam, mas, quando querem animar, usam alguma coisa muito maluca (tipo uma gaita de foles) pra fazer isso.

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E não é como se eu achasse que as outras músicas não prestam e os artistas fora desse... a palavra não é gênero... distinto grupo sejam ruins ou farsas. Eu só me sinto interessado nesse tipo de música em que parece que o artista colocou várias nuances escondidas que eu só vou perceber se prestar atenção. E eu estou prestando. Chega a ser lúdico.

Na mira de uma câmera

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Antes de eu ter raspado a cabeça de leve e postado umas fotos aqui, eu vinha pensando que vocês não sabem muito como é a minha cara. Quer dizer, tem um avatar aqui, outro ali, mas eu não sou desses que aparecem em 47 selfies por dia (nada contra, até tenho amigos que são). Uma coisa confusa é que eu gostaria de ser, mas, gente, tô longe, hein. Tudo isso porque eu odeio foto.




Ok, não exatamente. Eu gosto de ver as fotos, eu gosto de ver minha cara pálida nelas. Eu só não sei lidar com aquele momento em que você precisa parar e posar para uma dita cuja.

Eu acho que é um dom, tem gente que nasce com ele. A mãe acabou de parir, veio alguém com uma máquina fotográfica e, PAH, nossa, que bebê fotogênico. Tem gente que parece programada para sair bem em fotos. Ficou na mira de uma câmera, apita um alarme no cérebro da pessoa e ela automaticamente já entra na pose que dá certo. O sorriso perfeito, o cabelo de tal jeito, os braços no lugar onde eles deveriam estar, aquela viradinha pra pegar o melhor ângulo. E, às vezes, nem é tão robótico assim. A pessoa é daquelas desapegadas e despojadas que se encaixam perfeitamente no meio de um grupo de pessoas, aquela que já se abaixa ou fica no meio e abraça as cinturas ou se apoia num ombro. Enfim, gente que sabe ser modelo.

 Mas gente.

Obviamente, esse que vos escreve não é nada disso e sempre sai nas fotos como se estivesse sofrendo (e está). Ou então, sabe aqueles fantasmas penetras que aparecem nos fundos das fotos? Prazer, sou eu. Eu não sei rir, não sei o que fazer com as mãos. Eu tento me inclinar de um jeito casual e a impressão que fica é que eu tenho um problema na coluna. Eu morro de inveja das tais 47 selfies que conseguem parir com tanta naturalidade. Foto, pra mim, tem que ser espontânea, daquelas que alguém tira quando eu não estou olhando. Ah, Felipe, mas você sai bonito nelas? Amigos, claro que não, eu só não sofro a dor do parto para fazer aquele jpg nascer. Mas o filho é feio do mesmo jeito.


Somado a esta falta de aptidão, tem uma má vontade básica de ficar parando pra tirar foto. Gente, QUE PREGUIÇA. Você sai com as pessoas, e elas querem 3254378 fotos iguais. A minha cara tem um limite de sorrisos falsos que consegue fazer. E, enquanto você está tirando foto, as coisas estão acontecendo sem você! Quando alguém fala JUNTA AQUI PRA UMA FOTO, eu sou o primeiro a grunhir em protesto.

Porém, depois eu sinto falta. Porque eu não tenho nenhuma foto pra mostrar pra ninguém, e fica aquela sensação de SERÁ QUE EU FUI MESMO EM TAL LUGAR? Às vezes, eu mesmo duvido. Às vezes, se torna um arrependimento. Até porque eu curto demais aquela socialização com as pessoas comentando, fazendo piadas e curtindo as fotos nas redes sociais. Eu até gosto de montar meus álbuns (É claro que estou falando de Facebook. Eu não saberia o que postar no Instagram), pensar em legendas engraçadinhas e tal (eu acho, me deixa). Curto como entretenimento, mas isso só acontece, sei lá, duas vezes por ano se depender de mim.

***

Daí que esse era um texto pra reclamar do quão chato é essa coisa de foto com pose, um manifesto para abolição desse comportamento opressor, mas, gente, quer saber? Continuem. Vocês tão lindos. Quando eu estiver entre vocês, me poupem o trabalho de ter que tirar minhas próprias fotos. Façam por mim, postem em tudo que é rede social e me marquem. Estamos tomando um café? Tirem uma foto. Sentamos numa das mesas do McDonald's? Foto. Fomos numa exposição de qualquer coisa, num show, num lugar legalzinho? Foto. Eu vou ficar arisco na hora, mas não se deixe intimidar, agradecerei no futuro.

A lista das pessoas horríveis que merecem a morte

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AVISO: O texto a seguir não é sobre você. Não é sobre o que você deve fazer ou parar de fazer. Não é sobre como as pessoas devem ou não militar, eu não sei nada sobre a luta de ninguém. Este é um texto sobre mim, sobre o que eu descobri que funciona ou não para mim. Exclusivamente para mim.


***

Começando com o livro da Amanda Palmer, eu ando numa vibe de me apaixonar perdidamente por livros de não ficção. Eu daria três tapas na cara de quem dissesse ano passado que em 2015 meus livros favoritos seriam mais parecidos com autoajuda do que com uma ficção bem escrita, porque nem eu, que tanto fugi de livros desse naipe, poderia imaginar que isso aconteceria. Eu tinha até um certo preconceito com não ficção. Uma verdade é que eu sempre preferi a realidade à fantasia, sempre me apeguei mais àquelas histórias com os pés no chão, com dramas de família, relacionamentos, problemas do dia a dia e tal. Nem sei como não cheguei antes à conclusão de que não há nada mais verossímil do que um livro que conta inteiramente fatos e pensamentos de uma pessoal real.

Por N motivos que não vejo necessidade de abordar agora, eu comecei a ler "Alma Sobrevivente" (Philip Yancey), um livro que traz relatos de como algumas pessoas influenciaram demais a vida do autor. Algumas delas, Yancey conheceu apenas através de seus escritos, mas com outras ele teve o prazer de conviver e trabalhar ao lado delas. Gandhi, Martin Luther King Jr e Tolstoi são uns dos nomes mais famosos.

O livro está sendo, de fato, MUITO INSPIRADOR. Eu quase chorei no começo porque parecia que o autor estava falando diretamente comigo. Fiquei todo YANCEY, ME ABRAÇA, ME ADOTA, SEJA MEU BFF. Eu nem sei como explicar.

Chega a ser engraçado que os próprios influenciadores interagiram de alguma forma. Gandhi teve acesso aos escritores russos e acabou inspirando King, que até hoje causa impacto na vida de um monte de gente nos EUA. Parece uma corrente do bem ou algo assim. Eu me sinto na ponta dessa corrente, e a mensagem que eles estão passando para mim é a Não Violência.

***

Semana passada, a Anna me recomendou uma música que, segundo ela, tinha muito a ver comigo. Gente, não é que ela acertou EM CHEIO?



Esse clipe, gente. Tem como não amar? Acho que todas as pessoas que acreditam em Deus, independentemente de religião, podem aceitar de cara como essa mensagem de que Deus é amor é boa. Daí é lindo ver que Deus não pertence à religião, que ele não pode ser vendido, que ele é universal, que Deus ama todo mundo. E, tipo, todo mundo MESMO.

Mas algumas pessoas já chiam no "Atheist", outras chiam no "Lesbians", principalmente se forem cristãos mais conservadores. Aí quem não pertence a igreja alguma fica MAS É LINDO, SIM! DEUS AMA A TODOS! Aí chega a vez dos terroristas e, epa, pera, terroristas? Todo mundo trava nos terroristas.

***

Tem um trecho no livro com uma citação do Martin Luther King Jr, na qual ele faz um apelo para as pessoas que estavam lutando ao lado dele:



Ele precisava lutar pelos direitos humanos nos EUA, mas, inspirado em Gandhi e Jesus, King viu que havia um caminho mais eficaz que a guerra: a não violência. Ele não atacava, não xingava, não guerreava. King, mesmo sofrendo várias retaliações, não deixava de ver os opositores como pessoas. Era justamente o que faltava nos segregacionistas, eles não viam os negros dos EUA como gente. Eu fiquei tão chocado com os relatos no livro! Eles eram violentos demais, chegavam a ter NOJO e ÓDIO de pessoas não brancas. King queria proteger a si mesmo e aos seus seguidores de sentimentos desse tipo, que corroem uma pessoa por dentro. Vocês devem saber como é exaustivo ODIAR uma coisa. Pior ainda é odiar uma pessoa.

Eu não quero esse estresse. Eu quero desistir de odiar. Eu quero continuar vendo TODO MUNDO como gente. E, sabe, meio que anda difícil. Todo dia na internet é um embate. Todo dia tem gente fazendo declaração racista, homofóbica, machista... Às vezes, tudo de ruim numa declaração só. Tem gente sendo atacada, gente sendo exposta, gente destilando ódio. Até quando uma pessoa sofre um preconceito violento, dá para perceber que quem sente empatia pela pessoa oprimida tende mais a agredir o opressor do que consolar quem sofreu. Daí jogam todo mundo na lista das PESSOAS HORRÍVEIS QUE MERECEM A MORTE e vira aquela guerra colossal. No fim, entre mortos e feridos, não há nenhum crescimento pessoal. Porque ódio não agrega, não transforma. Ódio só gera mais ódio. Ódio mata por dentro e por fora.

Pessoa agiu de forma ridícula? Ou eu reajo com amor ou não reajo. Bolsonaro falou as atrocidades de sempre? Ignoro, sigo em frente. Quero problematizar alguma coisa que vi? Não preciso de sarcasmo, não preciso diminuir pessoas das quais eu nada sei da vida. Parece impossível, né? O meu sangue sobe, eu me revolto, eu quero queimar os opressores com o fogo dos meus olhos, mas Deus me livre de ter meu nome na lista das pessoas horríveis que merecem a morte.

Gandhi resistiu ao ódio e movimentou a Índia pacificamente. Martin Luther King Jr conseguiu grandes avanços para os direitos humanos nos EUA quando descobriu que havia um caminho sem agressão. E eles não eram santos, sabe? Tinham tantas falhas, até alguns desvios de caráter, assim como eu sei que também tenho. Eu posso no mínimo tentar trilhar o mesmo caminho que eles, até pela minha própria sanidade. Ódio me faz muito mal.

Cabelo de quase fogo

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Sinto que já somos meio íntimos e, apesar de muitos não saberem, essa pessoa que vos fala carrega o gene do rutilismo. Não apenas carrega o gene, como também sofreu das mutações genéticas características dessa tão misteriosa condição que afeta menos de 2% da população mundial. Eu não tenho muito o que fazer, é o fardo que eu tenho que carregar. Nasci assim, cresci assim, sou mesmo assim e vou ser sempre assim: Gabriela. Ruivo.


Infelizmente, acho que minha completa transformação não aconteceu como deveria. Eu não ganhei exatamente a incrível cor de fogo nos meus cabelos, nem os olhos azuis, nem a incrível personalidade característica das protagonistas ruivas de livros YA, todas obviamente fabricadas no mesmo lugar. Eu, no máximo, ganhei umas sardas na cara, uma pele muito branca que nunca fica bronzeada e uma crise existencial do naipe "Seria eu realmente um ruivo? Ou um castanho que se perdeu na vida?".

A minha ruivindade vive em cheque. O meu cabelo é praticamente castanho. Principalmente por ser o tipo de pessoa que não merece ter um cabelo porque não sabe cuidar dele, é um castanho sem brilho e vida algum. É uma cor que você olha e nem saber dizer bem qual é. Às vezes, eu conto que sou ruivo, e pessoas que me viram pessoalmente dizem: Nossa, nem percebi! Mas tem vezes que nem digo nada e as pessoas já começam a me tratar por "russo" ou "ferrugem". De vez em quando, em fotos, bate uma luz boa e eu percebo, OPA, EU SOU MESMO RUIVO. A minha barba engana demais. Ela parece mesmo ser uma barba vermelha, mas, quando se olha de muito perto, dá para ver que ela é formada de fios pretos e loiros (não faço ideia como é possível). A minha sobrancelha é completamente preta, daí as pessoas ficam me perguntando se eu pintei o cabelo (nunca pintei). A raiz da coisa toda deve estar no balaio doido da minha mãe ser negra, eu ter uma avó indígena e a família do meu pai ser branca, mas tão branca que tem gente loira no meio.

Quando criança, eu chorava quando me chamavam de "cabelo de fogo", mas uma hora a gente cresce e precisa aceitar a nossa genética. Eu queria ser até MAIS RUIVO, sabe. Um ruivo naipe Rupert Grint. Uma coisa definitiva, ruivo em tempo integral. Eu tenho receio de ir nessas paradas só para ruivos e me barrarem dizendo Cê nem tinha que tá aqui, lindo. Mas também é bom ficar nesse limbo porque, quando me chamam de maluco, eu fico Eu só ruivo, né, fia, mas, quando fico de caretice, eu jogo a carta do ruivo fake. É meio que o melhor dos dois mundos.

Eu acho que ruivo está mais para um estado de espírito. Ou não. Quem sabe? Eu não disse em voz alta, mas me perguntaram se eu não tinha medo de raspar a cabeça e o meu cabelo nascer "normal". Olha, eu acho que essa possibilidade nem existe, mas seria TRÁGICO!  MEU CABELO DE QUASE FOGO, NINGUÉM SAI.

Dou meu reino por #2

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1) Finais felizes: Você carrega o livro pra cima e pra baixo, dando toda sua atenção a ele até devorar as 300 páginas. Você, no meio de uma vida corrida, consegue parar por mais de uma hora para assistir o filme e se transportar para dentro dele. Você conhece os personagens, sofre por eles, vibra com eles. Aí você percebe que o final está chegando, as suas expectativas sobem demais. A última cena acontece e, VRÁ NA SUA CARA, deu tudo errado, porque um dos mocinhos foi atropelado por um caminhão ou morreu numa explosão. Daí rola aquele choque, porque aquele livro fofo e divertido termina daquele jeito horroroso e não há nada a fazer, apenas aceitar as pessoas tendo a pachorra de defender que aquela foi uma lição sobre a vida, que nada é perfeito, que temos que estar preparados para tudo. Amigos, EU NÃO QUERO SABER, eu já sei como a vida funciona! Eu sei que as pessoas morrem! Eu sei que câncer mata! FINAL BOSTA É O QUE A GENTE VÊ SEMPRE. Deixa eu me enganar! Deixa eu ver gente vivendo feliz pra sempre! Me dá um pedido fofo de casamento, me dá bebês, me dá amigos vencendo o mal e permanecendo todos vivos, me dá todo mundo se amando. Sai daqui com essas lições duras sobre a vida, eu não paguei pra ter isso. Isso a vida já me dá de graça.


2) Reality shows: Eu não sei o que é, mas se eu passo por um canal e tá passando um reality show qualquer, não importa do que se trata, eu vou, no mínimo, dar uma chance. Será que isso é gostar de bisbilhotar a vida dos outros? Porque eu fico, nossa, filmaram todo o processo dessas noivas escolhendo o vestido de casamento, o que será que tem demais nisso? Porque, gente, TÁ NA TV. Por alguma razão muito fascinante, aquela realidade, mesmo soando super banal, rende dinheiro para várias pessoas! Daí eu fico vendo competição de comida, de produto de supermercado, competição de estilista, de quem se veste melhor, de quem perde mais peso. Eu fico vendo pessoas em Nova York tentando achar o grande amor, tentando vender uma casa, decorando. Vejo as Kardashians não se contentando com um reality só delas e criando uma loja de moda que tem o próprio reality pra tomar conta da vida das vendedoras. E EU AMO PARAR PRA VER. Eu não vou nem comentar de Survivor, que é o maior experimento social que eu já vi na vida, senão esse post não acaba hoje.

 REALITY SHOW NA TV!
*encara até a próxima encarnação*

3) Exércitos de realizadores: Se uma pessoa rica se oferecesse para me dar um presente, qualquer presente, eu já teria a resposta na ponta da língua: MEU PRÓPRIO EXÉRCITO. Mas eu preciso explicar o conceito pra vocês.

Sabe a Shonda Rhimes, produtora de séries de TV? Você já reparou que tem o dedo dela em TRÊS séries famosas no ar ao mesmo tempo? Grey's Anatomy, Scandal, How to get away with murder e sabe Deus mais em quê. Será que ela faz tudo? Seleciona o cast, escreve os roteiros, dirige as filmagens, edita os vídeos, as trilhas sonoras...? Mas é claro que não! Ela tem o próprio exército de realizadores. Ela gera as ideias, a Shondaland constrói.

 Felipelândia, quando vem?

Um outro exemplo também é o que o James Patterson, autor de suspenses policiais, faz. Uma pessoa normal deve conseguir lançar NO MÁXIMO 2 livros por ano. O James Patterson deve lançar uns dez, sem exageros. Ele trabalha com o exército dele, que, no caso, é um grupo de escritores. Patterson pode ter várias ideias para livros e manda uma pra cada pessoa. Elas escrevem, ele ajuda no processo com orientação, revisão, edição... Daí que ele pode trabalhar em várias ideias ao mesmo tempo. Quando o livro sai, como autor vem "JAMES PATTERSON & fulano". O cara é best-seller, o livro vende que nem água. SENTIRAM O PODER?

Gente, meu sonho é ter meu próprio exército. Eu tenho ideia pra livro, pra música, pra zine, pra sites, pra aplicativos, para jogos, para canal no Youtube, para roupas! Eu tenho habilidade para tornar todas minhas ideias em realidade? Certamente que não. E eu consigo muito mal fazer 1 coisa de cada vez. Daria meu reino por esse trabalho colaborativo maravilhoso! Fica aí a indireta pra você, rico, que lê esse humilde blogueiro sonhador.

Me recuso a ter nostalgia

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Eu acredito muito na evolução do ser humano. Sabe, o crápula de hoje é o gente boníssima de amanhã. Eu sei, eu sei, tem gente que parece que não tem mais jeito, mas, mesmo nesses piores casos, eu acredito que há uma luz no fim do túnel. Ser cristão, inclusive, é em boa parte saber que ninguém é perfeito, mas que todo mundo pode caminhar nessa direção caso se permita. Eu sinto isso todos os dias. O meu eu de hoje ainda é cheio de defeitos, mas vence de 7 a 1 o meu eu de muitos anos atrás.

"Me recuso a ter nostalgia de uma época em que fui menos feliz que hoje"
 
Faz um tempinho que encontrei essa frase no blog da Alice e foi a primeira vez que eu vi um argumento tão bom para justificar a minha falta quase completa de nostalgia. A minha felicidade está toda em ser uma pessoa melhor e, quanto mais para trás eu olho, pior eu me vejo. Eu sempre sinto que estou vivendo meu melhor momento, independentemente do que está acontecendo na minha vida. Talvez, seja uma felicidade que vem de dentro, não sei. Eu definitivamente não sei lidar bem com pessoas nostálgicas, porque, se junta um grupo delas, eu não consigo me encaixar no raciocínio.



Fui no blog da Lisa catar essa imagem que tá sempre ali na sidebar, porque, se existe uma boa definição para o conceito, ela tinha que estar no Inútil Nostalgia. Toda vez que eu bato o olho nessa imagem, eu fico MAS, MEU SENHOR, DO QUE VOCÊ TÁ FALANDO? Que presente doloroso? Sinta as good vibes! Vamos aplaudir o sol! Bota um sorriso nessa cara! etc.

Sempre que alguém vem cheio daquela vontade de voltar no tempo para reviver uma época específica, me dá uma coceira, uma agonia, e eu nunca reajo da forma que sei que a pessoa espera. Confesso que sou MUITO RUIM em lembrar das coisas, mas, até do que eu lembro, eu não sinto tanto falta. AI, QUERIA TANTO VOLTAR PRA LÁ. Mas Deus me livre! Vai sozinho. Não volto, não. Tô feliz aqui mesmo.

O Felipe daqueeeeele tempo provavelmente era sério demais. Eu confundia grosseria com sinceridade e achava que estava tudo bem. Eu tinha uma vergonha imensa de fazer uma série de coisas triviais, tanto que, se eu pudesse voltar no tempo, eu voltava, mas só se fosse pra fazer tudo diferente mesmo. Não é que eu ignore ou odeie o passado. Eu só me sinto mais completo agora, menos fechado, menos sisudo. Eu tenho um leque de opções incríveis que eu não tinha em épocas passadas. O amanhã parece tão, mas tão promissor que eu me recuso, me recuso totalmente a ficar sonhando com o que passou.

Prefiro um NÃO sincero

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Eu comentei aqui um trecho do A Arte de Pedir que diz que as pessoas mais poderosas e admiradas chegaram onde chegaram pedindo, contando com a ajuda de outras pessoas pelo caminho. E que isso é muito normal! Eu contei como o livro me ajudou a ultrapassar alguns obstáculos, e algumas pessoas comentaram sobre as dificuldades que ainda tinham. Nenhuma novidade: vergonha, medo da humilhação, sentir que pedir é sinal de fraqueza, não querer depender de ninguém, o fato do orgulho falar mais alto etc. Mas aí a Ana comentou sobre um receio que nem é citado no livro, mas que, de todos os medos, é o meu maior empecilho na hora de pedir:

"eu me sinto como um fardo e que as pessoas só fazem por obrigação e pena, e não porque querem. Isso que me desgraça a cabeça também"

Eu tenho horror de colocar alguém numa situação de obrigação. Sabe, mesmo o "fazer por educação" me deixa muito constrangido. Um dos lemas da minha vida é "NÃO SOU OBRIGADO", tá até na tela do meu celular. Se pá, é o que eu tatuaria no corpo. Quanto mais o tempo passa, menos eu me sinto obrigado a lidar com convenções sociais bobas, com situações que as pessoas JURAM que você tem que suportar, que a vida é assim mesmo etc. Me dói ver tanta gente aceitando engolir sapo sem saber que, ei, elas podem recusar! Eu já estou lidando bem com isso. Não quero? Não preciso fazer. Claro que há consequências, mas recusar às vezes faz mais bem do que mal.

 É sério

Mas aí as pessoas não sabem que podem dizer NÃO. Não é só porque você é meu colega de trabalho, meu amigo, meu parente ou minha mãe que você tem que fazer TUDO que eu peço ou ir pra todo lugar que eu te convido. Não é só porque eu te fiz um favor em 1998 que você tem que se sujeitar a todas as minhas vontades. Eu entendo quando você simplesmente não quer fazer. E essa compreensão vem justamente do fato de eu também me dar o direito de recusar. Daí que pra tudo eu tenho que:

- Oi, fulano, você pode fazer tal coisa pra mim?
- Posso, claro.
- Tem certeza?
- Tenho.
- Mas, tipo, mesmo? Você sabe que pode dizer não, né?
- Felipe, eu sei.
- Assim, nenhum clima ruim vai ficar entre a gente, você não é obrigado a fazer, entende?
- Mas eu já disse que
- Eu vou te amar do mesmo jeito.
- Jesus.

Acho que terei que ouvir o SIM umas cinco vezes no dia do meu casamento, mas é isso ou deixar uma pessoa ser trouxa pelo resto da vida só porque não quis me magoar. Eu peço, inclusive estou pedindo cada vez mais, mas preciso me certificar de que aquela pessoa realmente pode e quer me ajudar. Eu prefiro um NÃO sincero do que um SIM forçado.

Relações interpessoais são tão complexas, gente.

A gente não sabe o que faz

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Ainda aprendendo a manter a política de não odiar, eu estava investigando as causas do ódio. Por que bate aquela vontade de esganar a outra pessoa? De onde a gente tira tanta disposição para xingar, julgar e condenar um desconhecido na internet? Por que o ódio deixa a gente tão empoderado de forma que nosso alvo parece tão desprezível aos nossos olhos? Como eu disse, estou aprendendo. Só ando no caminho, mas não tenho as respostas ainda. O que eu sei é que me faz mal e seria ótimo cortar pela raiz.


Uma das minhas pessoas favoritas, a Nívea Soares, lançou uma música nova no Youtube, que, na verdade, é uma versão de uma música em inglês. Beleza. Ouvi, achei legal, dei meu like lá no vídeo... Só que fui ler os comentários (por que a gente ainda teima, né?) e apareceu uma pessoa dizendo algo como "Música bonita, mas a gente precisa plagiar os gringos? Temos criatividade também! Temos que valorizar nosso país etc etc etc". Daí apareceu uma outra "defendendo" a Nívea, dizendo que "Minha querida, você precisa estudar mais! Não é plágio!", chamou de burra e tudo. E ficou aquele bate boca, as pessoas depreciando as outras a cada novo comentário. Fiquei imaginando a Nívea, que só queria mostrar uma música nova, horrorizada lendo a discussão.

O mesmo com o show de horror que ficou o Facebook no final de semana com as pessoas DISCUTINDO sobre qual tragédia era a CERTA para se compadecer, com as vítimas do terrorismo na França ou com o desastre ambiental em Minas Gerais. Meus queridos amigos do Facebook estavam literalmente chamando pessoas de burras, estúpidas, anti-patriotas, alegando que ninguém no Brasil tinha que sentir nada pelos franceses, porque eles também não se importavam com a gente aqui. Até gente dizendo que eles tinham mesmo que sofrer, eu vi.

Nos dois casos, o ódio foi tanto que chegou até em mim, que estava apenas de observador. A minha vontade foi me meter em todas as tetras com um caps lock ligado para dizer DEIXEM DE SER BESTAS, QUAL É O PROBLEMA DE VOCÊS? COMERAM COCÔ? FORAM CRIADOS POR ANIMAIS? Como se isso fosse resolver alguma coisa. Como se a minha reação não fosse parte do problema.

O ódio simplesmente circula. A gente vê uma pessoa sendo odiosa e imediatamente a odeia também. Daí alguém vê nosso ataque de ódio e passa a nos odiar. O ciclo não termina! Quando alguém tem uma atitude horrível perante nossa opinião, tudo na gente apita alertando que aquela outra pessoa tem que ser humilhada, pisada, cuspida, que ela tem que pagar AGORA por todos os erros dela, que ela é um ser estúpido que precisa aprender uma lição que a gente vai ensinar, que ela precisa ser exposta. A gente lança um ódio sobre os outros que não apenas não causa nenhuma mudança na outra pessoa (só se for pra pior) como também contamina a gente.

Eu já tinha sacado que o certo era responder com amor, mas isso não estava vindo com nenhuma naturalidade. Eu poderia ignorar as tretas, eu poderia não atacar ninguém, mas ainda assim continuava sentindo a raiva. Eu fiquei todo "Mas como se quebra o ódio? Cadê exemplo de uma pessoa que explica isso?".

Foi conversando muito com os amigos, observando as timelines, terminando de ler o Alma Sobrevivente (<3) e tentando achar um ciclo de ódio quebrado que eu cheguei num momento específico da vida de Jesus. Ele foi humilhado, açoitado, pisado, cuspido, pregado numa cruz e uma série de outras torturas que eu não gosto de lembrar. Inclusive, só de pensar na cena, já me sobe um ódio dos presentes porque ele não merecia. Daí que a atitude de Jesus perante aquele povo, ao invés de ser um ódio mortal, é um "Perdoa-lhes, Pai, porque eles não sabem o que fazem". Jesus pediu perdão porque sabia que aquelas atitudes grotescas não eram boas, mas não quis condenar as pessoas pela falta de conhecimento delas.

ISSO É TÃO PODEROSO. É o mesmo caso daquela pessoa que te critica sem te conhecer direito. É o caso da pessoa que tem preconceito contra uma classe sem enxergar nela os indivíduos. É o que acontece quando a gente vê uma pessoa falando uma besteira tão grande, muitas vezes fora de contexto, e acha que já sabe tudo da vida dela a ponto de tachá-la como burra e merecedora da morte. A GENTE NÃO SABE O QUE FAZ. Gandhi fazia questão de dar o mesmo tratamento a todos os tipos de pessoas, fosse rei, fosse mendigo, fosse celebridade... Os melhores médicos são aqueles que tratam os pacientes como pessoas individuais e não como uma lista de sintomas. Amanda Palmer descobriu que, olhando realmente para o público dela, ela pode se relacionar melhor com eles. Existe uma preciosidade em cada pessoa que pouca gente enxerga. As pessoas são cheias de traumas, motivos e vontades que explicam muito as ações. Em qualquer ficção bem escrita, a gente consegue ver o lado do protagonista, seja ele mocinho ou vilão. Existe um laço forte que a empatia cria que nos impede de olhar mal para uma pessoa, porque a gente sabe que, talvez, faria o mesmo que ela em determinada situação.


Se a humanidade inteira tivesse esse laço atando a todos, o ódio morreria. Porque não se odeia o que é igual. E somos todos humanos. Aquele alvo que recebe todo nosso ódio, veja só, é apenas uma pessoa como nós. Que teve criação diferente, passou por lugares diferentes, foi tratada de formas diferentes, recebeu amor em doses diferentes e teve uma vivência completamente diferente da nossa. Mas ainda é uma pessoa, com sentimentos, contradições e dúvidas. Pode parecer um monstro, mas juro que é gente.

Quando Jesus estava sofrendo na mão dos agressores, ele sabia que aquelas pessoas não tinham total noção de quem ele era, não enxergavam nele um ser humano. Enxergavam só um alvo de ódio. Ah, então você está dizendo que todo mundo é inocente? Não, todo ato tem consequência, ainda mais um ato de ódio. O ódio sempre volta pra cobrar da pessoa alguma hora. O que eu estou dizendo é que eu não preciso odiar, porque eu sei que ali está uma pessoa, que merece ser tratada como gente.

Aquelas pessoas discutindo no vídeo da Nívea? Era como se não soubessem que atrás daquele perfil do Youtube estava uma pessoa de carne e osso, sentindo todas aquelas palavras. As pessoas do Facebook? Era como se não sentissem a empatia, não sentissem a mesma dor que muitos sentiram, como se não soubessem que a pessoa do outro lado da tela pode ser muito parecida com eles mesmos. É um bando de não saber.

O caminho é muito longo, ainda mais longo que esse texto, mas eu quero parar de odiar. Eu quero é enxergar pessoas por trás de todas as ações. Ah, Felipe, mas agora você tá virando o quê? Hippie? Quer ser o Dalai Lama? Não, gente, só quero parar de fazer um mal a mim mesmo. É tão absurdo assim?

EU TÔ INDO PRA CAMPINAS, socorro

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Aconteceu exatamente assim: Eu estava me sentindo meio bostinha. Mas só meio bostinha mesmo. Metade naquela vibe queria estar morta e fazendo performances dramáticas no banheiro do trabalho, metade indignado com o estado de espírito da primeira metade. Isso porque eu detesto ficar triste. Quem gosta, né? Eu sei. Mas eu detesto. Acho quase inaceitável, principalmente quando não há um motivo decente pra isso. Eu estava sentindo que a minha vida estava parada, meio que num eterno stand by. Eu não estava sofrendo, mas também não estava me divertindo. Era um limbo esquisito. NADA acontecia, nem feijoada.

Daí que eu estava quase entregando os pontos para a bad mesmo, mas resolvi dar uma olhada na minha lista de experiências para viverantes de morrer. Eu nem estava com vontade de realmente fazer alguma coisa, mas fui teimoso, abri o Random.org, sorteei um número e, juro, caiu "Show da Nívea Soares" na lista.

Minha primeira reação foi: Ai, gente.

Mas a minha segunda foi entrar no site da Nívea para olhar despretensiosamente (eu nem ia ir em show nenhum mesmo) a agenda de shows dela. Daí eu vi: GRAVAÇÃO DO NOVO CD/DVD. Em Campinas, São Paulo.



Gosto de viajar? Nhé. Eu já fui em Campinas? Nunca. Já pisei em São Paulo? Também não. Já viajei sozinho? Única vez que saí do Rio Janeiro foi pra me aventurar em Foz do Iguaçu, mas muito bem acompanhado pelas minhas mães pessoas loucas por controle organizadas. Tenho disposição pra encarar show de mais de 3 horas no meio de uma muvuca de gente? Claro que não. Tenho 87 anos? Em espírito. Gosto da Nívea? AMO DE PAIXÃO.

Lilian disse que lembrou de mim vendo essa tirinha.
Não poderia ter acertado mais >.<

Ou seja, todas essas respostas me levaram à conclusão óbvia: PRECISO IR PRA CAMPINAS VER A NÍVEA AGORAAAA.

Gente, deixa eu contar uma coisa. Existe meio que uma magia na transformação de um fim de semana sem nada planejado em um fim de semana com viagem urgente para Campinas. Sabe, foi tipo TOMAR AS RÉDEAS DO DESTINO! Uma indignação contra a inércia da vida! VOCÊ NÃO VAI ACONTECER, SUA PALHAÇA? VAMOS VER QUEM É QUE NÃO VAI ACONTECER. E tá acontecendo. Eu total passei de bostinha para bestinha com a viagem, uma vogal fazendo toda a diferença.

***

Não satisfeito com a aventura súbita, eu fui na página da Nívea ver se tinha gente do Rio indo também, talvez uma caravana, algo assim. Interagi com algumas pessoas casualmente e, BUM, arrumei um carro de gente desconhecida indo pra lá. Todo um medo dessas pessoas me sequestrarem, toda uma investigação intensa nos perfis do Facebook, toda uma Amanda Palmer dizendo pra eu segurar na mão de Deus e ir na fé. Bom, tô indo. Se eles não roubarem meus órgãos, será ótimo.

***

Então, é isso. EU TÔ INDO PRA CAMPINAS. Amanhã! Num carro desconhecido! Pra dividir quarto com 7 pessoas num hostel! Sozinho! All by myself!

ALGUÉM ME IMPEÇA, PLMDDS.

Morrendo de medo, mas adorando isso tudo. Se pá, faço um diário de viagem contando os perrengues. Vamos acompanhar.

Pezinho na fobia social

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Aí você lê isso e pensa, nossa, que exagero. Quem não sabe como lidar com um refeitório? Que pessoa surtada põe na cabeça que vai passar o mês comendo barras de cereal só pra não ter que interagir? Que bobagem, só em livro YA mesmo, ai, ai.

MAS ENTÃO.

Deixa eu te contar um lance aqui. É uma cena de Fangirl (Rainbow Rowell), mas poderia ser um dia qualquer na minha vida. Às vezes, eu comento umas coisas doidas no Twitter, porque que sei que soam engraçadinhas, e fico meio que pensando que vocês acham um exagero da minha parte, drama demais. Eu também acho, verdade seja dita, mas...

Eu nunca tinha sido confrontado tão de frente, eu acho. Quando a maluquice vem, eu simplesmente faço que nem a Cath, dou meu jeito de contornar. Às vezes, me forço a superar, mas essas são poucas.

Daí que onde eu trabalho tem um refeitório/copa e, obviamente, eu não uso. Quer dizer, eu uso, almoço lá todo dia, mas jamais que vou no mesmo horário que todo mundo. O pessoal almoça em peso às 12h, logo eu só apareço por volta das 14h, 14h30, quando muito raramente tem alguma pessoa ainda zanzando por lá.

Ontem, eu me superei no horário e só fui dar as caras às 15h30. Cheguei, zero pessoas no recinto, nem o pessoal da limpeza. FELICIDADE SUPREMA! O refeitório tem dez mesas, com espaço para quatro pessoas cada uma. Escolhi a mesa mais distante da porta. Coloquei minha marmita no microondas, 3 minutos esperando.

Quando faltava só mais 1 minuto para terminar, me aparece um homem que eu nunca tinha visto, bem vestido, bem mais velho que eu, e pergunta... Quer dizer, não me perguntou nada, ele apenas me disse: "Vou sentar aqui com você ^^"

 Como eu realmente queria agir

Gente, aquele lugar tem DEZ mesas. NOVE mesas livres. TRINTA E SEIS lugares que aquele educado senhor podia escolher para sentar. POR QUÊ, MEU DEUS? POR QUÊ?

Acho que foi o 1 minuto mais longo da minha vida. Porque ele sentou com as coisas dele DE FRENTE para onde eu estava sentado, e eu só conseguia imaginar a cena: Eu tentando lembrar como se usa um garfo, errando a boca, deixando a comida cair, derramando o suco, sem saber o que fazer com as mãos, consciente de cada centímetro do meu corpo, atirando sem querer o garfo nele (já aconteceu), mastigando mil vezes porque não consigo engolir, não sentindo o gosto de nada, imaginando ele olhando pra minha comida...

NÃO DÁ, GENTE. Eu não sei lidar MESMO. Eu me saio melhor comendo com pessoas conhecidas, num lugar conhecido, num encontro premeditado. Mas, assim, TOMA UM DESCONHECIDO NA SUA MESA, a coisa não vai.

Ele já estava sentado, então eu tive que gentilmente dizer:

- Moço... O senhor se importa se eu for para aquela outra mesa ali? Tipo, não é nada pessoal, juro. Só um comportamento esquisito meu.
- ???
- ¯\_(ツ)_/¯

Essas foram as minhas exatas palavras. Eu peguei minha comida, fui para uma mesa bem longe, sentindo alívio imediato e um pouco de culpa, porque, né, coitado do senhor rejeitado. Mas ele ficou bem ok com a situação (eu acho). Se alguém faz isso comigo, eu, no mínimo, vou achar que estou fedendo. Mas, pra começo de conversa, eu nunca teria sentado naquela mesa.

Aí rolou só esse pequeno climão, beleza, porém: E se eu te dissesse que descobri depois que o senhor desconhecido É O FUCKING DONO DAQUELE LUGAR TODO? É O CHEFE DO CHEFE DO CHEFE DO MEU CHEFE.


Alguém vem dá uns tapas na minha cara pra ver se eu aprendo a ser gente, pelo amor do santo deus, seja lá em qual deus você acredita. Eu fico na dúvida se é apenas uma timidez muito atacada ou se já tô de corpo e alma com um pezinho na fobia social. Fica aí o suspense.

Nívea, obrigadão

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Daí que eu fui mesmo lá na gravação do novo DVD da Nívea. Eu estava tão no automático procurando passagens, hospedagem, companhia e como me virar sozinho que eu meio que não pensei muito no objetivo principal. Foi só quando eu estava lá dentro da Bola de Neve de Campinas que a minha ficha foi caindo e, gente, A NÍVEA. UM DVD DA NÍVEA.


Querendo registrar o momento, mas incapaz de parar de prestar total atenção no palco, eu voltei para aquele lugar que eu gosto tanto. Se você não é cristão, é capaz de não entender. Se você é cristão, talvez não me compreenda também. Já é uma coisa minha manter uma atitude positiva no que diz respeito às pessoas, mas eu vejo como o mundo está, como o ódio se espalha, como o amor vai ganhando cada vez menos espaço. Daí eu olho pra Igreja e nem sei dizer se está muito melhor. Tem muito mal disfarçado de bem. Eu tenho quase certeza de que, se Jesus aparecesse aqui na Terra mais uma vez, seria crucificado DE NOVO. Porque ele simplesmente não combina com tudo que está aí. Mas não é meu dever ficar apontando meu dedo pra ninguém (Depois de já ter apontado. Ainda estou trabalhando nesse comportamento). O que eu estou querendo dizer é que eu sinto falta. Eu sinto falta de um lugar onde eu posso pisar e ter certeza de que é ali que eu quero estar.


Ouvindo a Nívea cantar, eu me senti novamente parte de algo maior. Foi como se ela me dissesse: Felipe, fica bem, vai dar tudo certo no final. Permeando todas as músicas, o tema do novo álbum (Reino de Justiça) é bem claro: Jesus prevalecerá sobre todas as coisas. E, gente, NÃO VEJO A HORA. Num mundo com atentados terroristas, guerra matando inocentes, crime ambiental, ódio circulando na internet, crise econômica, igrejas mais afastando que acolhendo pessoas, fica difícil acreditar que o amor não vai morrer. É difícil ver que existe, sim, um caminho. E eu não estou tentando descobri-lo sozinho.

Eu não canso de dizer que a Nívea Soares é uma das minhas pessoas favoritas. Pela cadência gostosinha na voz quando fala, pelo ímpeto e todo aquele estilo próprio quando canta, mas principalmente pelas coisas novas que ela sempre me traz. Gente, é certeiro. Quando tudo começa a ficar meio esquisito, eu dou play em qualquer vídeo da Nívea e tá lá ela me apontando a saída, o fim do túnel.

 E quando tudo parecer tão frio e só
Me leve em Teus braços e me faz descansar <3

Não foi diferente dessa vez. Tô pronto pra caminhar mais. Nívea, obrigadão.

Quando eu cometi um atentado contra meu chefe

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Daí que, aproveitando a oportunidade, uma vez que já comecei a expor meu despreparo ao comer com outras pessoas, resolvi contar logo outro causo relacionado para fecharmos de vez esse capítulo e voltarmos à normalidade desse blog (oi?).

Mas estava eu no almoço de confraternização da minha antiga Firma™, eu ainda era estagiário se não me engano, tentando agir normalmente numa mesa enorme com 4756484 pessoas ao meu redor. Por incrível que pareça, eu prefiro comer com 4756484 pessoas ao invés de uma única, porque, na minha cabeça, elas podem se preocupar em reparar em outras mastigações além da minha. Pois é. O lance era que aquele era um restaurante desconhecido com umas comidas esquisitas e, meu deus, como eu tenho birra com comidas esquisitas, daquelas que a gente não sabe exatamente o que é ou não sabe como comer. Isso se corta? Vai molho? Enfio tudo na boca? Pego com a mão? Tem cara de frango... Mas e se for, argh, peixe? Enfim. E, gente, se hoje em dia eu não costumo frequentar restaurantes, imagina naquela época que eu ainda estava aprendendo como era ter meu próprio dinheiro. Sempre me pareceu caro demais, um ambiente meio chique. Era como ser o único pobre numa mesa de gente rica, pensem assim.

Um dos meus chefes estava finalmente voltando ao trabalho depois de meses afastado por razões médicas. E ele estava sentado bem na minha frente. Não era nada demais, mas todo mundo estava dando atenção a ele, e eu estava tentando não fazer uma besteira, tipo derrubar o talher ou derramar suco, não colocar o cotovelo sobre a mesa (nunca entendi essa regra).

Mas quando que eu ficando super consciente dos meus movimentos deu certo nessa vida, né, pessoas?

Eu apoiei meu garfo no prato quando alguém passou servindo uma bebida e levantei o copo quando a pessoa estava mais perto. Eu só sei que deixei o copo escorregar da minha mão e, DE ALGUMA FORMA QUE EU NÃO ENTENDI, ele bateu no meu prato e fez uma coisa que eu não conseguiria nem se realmente quisesse. Ele CATAPULTOU o meu garfo. Tipo, o garfo voou. No meu chefe. Parabéns, Física, sua ridícula.

 Sempre do contra

Ok, não foi como se o garfo tivesse, sei lá, furado o olho dele ou cravado na pele do homem, MAS PRA MIM FOI, SIM. Meu chefe ainda levou de boa, "Felipe, eu acabei de sair do hospital e você já quer me mandar de volta? kkkkk". Gente. GENTE.

Anos depois, eu seria demitido por motivo de "corte nos gastos", mas aposto que:

- Então, sócios, temos que decidir entre o Fulano e o Felipe. Quem vai embora?
- PLMDDS, mandem o Felipe pra casa, ele tentou me assassinar uma vez.

Sobre tristeza

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Eu sou aquele tipo de pessoa que acha graça nas coisas mais bestas. Às vezes, eu começo a rir sozinho, do nada, daí eu tenho que explicar aos outros o motivo do riso e a explicação é mais ou menos "Sabe que eu nem sei?". Meus dias favoritos são as segundas, eu sou meio que aquela pessoa que acorda aplaudindo o sol. Eu acho que o mundo vai mal, verdade, mas, poxa, as pessoas são tão incríveis! A minha fé na humanidade custa muito a se abalar. Eu estou sempre felizinho. Até quando não estou, na verdade eu estou, sim. Eu nunca me identifico com a minha timeline do Twitter. Todo mundo é trouxa, tá na bad, tá todo mundo mal, mas, me desculpe, eu tô ótimo. Olha como a vida é bonita! Olha a natureza! Olha o sol!

 Eu saindo na rua

 Eu pegando o elevador da Firma™ na segunda de manhã

Isso pode ser muito irritante sempreàs vezes, não nego.

Não sei se sou um cara muito sortudo na vida ou se me satisfaço com muita facilidade. Acho que um pouco dos dois. De qualquer forma, esse equilíbrio das good vibes na minha vida colabora com um fato: eu não sei lidar com tristeza.

Eu tô acostumado a me sentir amado, a gostar das coisas que eu mesmo faço, a ver o universo magicamente colaborando comigo. Eu tô acostumado a ver as coisinhas pequenas caminhando, dar um sorriso bestinha e falar NOSSA, A VIDA É TÃO BOA, NÉ?

Mas nem sempre é assim. Eu já estava querendo escrever algo sobre tristeza, daí a Fernanda comentou num dos últimos posts:

"Caraca, se tem uma coisa difícil é imaginar vc se sentindo bostinha. Tu parece sempre tão feliz e tipo tão VAMOS APROVEITAR A VIDA, GALERE!"

Hahahahahah

É porque raramente vocês têm a oportunidade de me ver triste. Quando eu fico pra baixo, é porque alguma coisa saiu do lugar e, ao invés de ficar postando minha tristeza na internet, eu entro num processo intenso de reflexão pra tentar resolver. Sei lá, uma coisa MORRE dentro de mim e eu acho que nenhum ser humano é merecedor de tamanha agrura que é ficar do meu lado quando eu não estou bem. Eu simplesmente me afasto de todo mundo. Sumo do Twitter, não respondo e-mails, não posto no blog e só volto quando recupero a vontade de viver. E, veja bem, eu não estou ditando que você não deve postar seus dramas na internet (às vezes, desabafar até ajuda), eu só estou dizendo que, pra mim, TUDO perde a graça. Ficar triste pra mim é como ficar doente, daquele naipe que tem ficar de cama e não chegar muito perto de ninguém pra não contagiar. Eu me sinto tão não eu na tristeza que tento não lidar com pessoas, senão eu acabo fazendo coisas que jamais faria. Prefiro nem brincar. Se eu estou triste, nem desço pro play.

Diário de viagem: Um pulinho em Campinas

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Antes de tudo: Pra quem nunca leu um dos meus diários de viagem, eles são diários reais, físicos. Aqui no blog, eu digito e monto uma edição das partes que acho mais interessantes e coloco uns comentários extras quando quero, [entre colchetes]. Ok? Eis o que aconteceu naquela loucura toda de ir pra Campinas.

***

1) Cada vez mais aumentando a certeza de que ter filhos é um terror. Minha mãe ficou desesperada com o lance do carro das pessoas desconhecidas e tá certa de que nunca mais vai encontrar minha ossada ["ME ADMIRA VOCÊ, QUE É TÃO INTELIGENTE"]. Cismou que ia me levar no ponto de encontro. Depois quis dar uma stalkeada conjunta comigo nos perfis do Facebook. Pediu foto, números e cpf de todas as pessoas que cruzariam meu caminho. Claro que ela me deixou doido também, mas me fingi de corajoso E FUI VIVER [eu me sinto tão cafoninha dizendo esse tipo de coisa, não me deixem parar com isso].

2) Gente, se essas pessoas vão me sequestrar, elas são MUITO profissionais, porque fingem bem demais serem gente boa. Tá rolando uma playlist de Back Street Boys nesse carro, já tocou Beyoncé, uma música cujo nome deve ser Mr Jones [E é mesmo] umas cinco vezes, vira e mexe toca um gospel básico, tô fascinado.

3) Ficarei tremendamente indignado se essas pessoas roubarem meus órgãos.

4) Eu sou sempre a pessoa que não sabe lidar com a porta do carro[Vergonha de bater forte, e o dono ficar todo MEU CARRO, CARAMBA, mas eu bato fraco e fica todo mundo TEM UMA PORTA ABERTA. Que sempre é a minha]. O mesmo com o cinto de segurança, que eu sou todo enrolado pra prender. Pago de descolado otário que acha que não precisa de cinto, MAS TÔ DOIDO PRA USAR. Eu vejo Grey's Anatomy, sei que muita gente se ferra em acidente por estar sem o cinto. Horas nesse carro tentando disfarçar e ver como esse trem encaixa.

5) Um cara esquisito ficou me encarando numa das paradas que fizemos. Todo um trigger DAQUELE DIA. Aparentemente, eu ainda não superei.

6) Campinas é toda jeitosinha. Muito verde, toda good vibes, as pessoas parecem que têm UM PRAZER de te informar os lugares. E elas já falando com aquele R puxado <3 Um cara estava explicando como chegar no hostel e nos disse que ficava numa "Rua de merrrrda". A gente ficou "Oi???".

7) Achamos a tal rua (que era toda direitinha, fica aí o mistério da rua de merrrda) e, GENTE, o hostel [Eu tinha que ficar num hostel, sabe. Desde que eu descobri que existia, eu sempre soube que meu destino era me hospedar em um. Tipo, você divide uma casa com pessoas desconhecidas! Assustador e cheio de possibilidades ao mesmo tempo]. O HOSTEL É UMA GRAÇA, 10/10. Dariam fotos lindas se eu as tirasse.

[E eu tirei depois :D]




8) TODO MUNDO (5 fulanos) que está no meu quarto também vai para o show da Nívea! São um pouco mais novos que eu (gente, quando eu virei o cara velho?) e daquele naipe FÃ, sabe? Enquanto eu fico "A Nívea tem umas músicas muito boas", eles já tão tudo "COMO ASSIM SÓ BOAS? NÍVEA É RAINHA E MARAVILHOSA", "Mas, gente, calma, eu só disse que", "ELA É PERFEITA, CANTA MAIS QUE FULANA E CICLANA". Não tenho mais pique, sabe. Interagi um pouquinho, me despedi do pessoal do carro ("NÃO ME ABANDONEM AQUI").

9) Daí que o portão da Bola de Neve (é uma igreja), onde vai acontecer o show, só abre às 19h. O show começa às 20h. Eles querem chegar lá às 15h. Eu mal cheguei no hostel, estou morrendo de fome, e eles "COMO ASSIM VOCÊ NÃO VAI FICAR QUATRO HORAS EM PÉ NA FILA PRA VER A NÍVEA?". Nívea, me desculpa, eu te amo demais, mas não tem condições.

10) Os meninos curiosos com o diário, "O que você tanto escreve?" Hahahahahah Ei, tira o olho, só quando eu postar no blog. Inclusive, estou falando mal de vocês.

Isso era eu já me desesperando
ao imaginar como um hostel funciona


11) Risos que só tem brasileiro nesse hostel.

[Eu só tive a oportunidade de dar 1 voltinha no bairro, que foi quando fui caçar comida. Tipo, eu desesperadamente precisava comer e estava tudo fechado (feriado), andei meio sem rumo, fui ouvindo o som da estrada até chegar lá e ver uns restaurantes abertos na beira da pista. Me senti procurando água pelo barulho do rio em Jogos Vorazes]

12) Cheguei na Bola de Neve às 18h e não tinha nem 20 pessoas na minha frente HAHAHAHAHAHAH Obrigado, Universo.

13) Um monte de gente legal na fila, todo mundo tinha uma história com a Nívea. Gente lá de São Paulo mesmo, Brasília, gente do Rio... Eu adorei a mistura. Eu tirei foto com gente que eu nem conhecia. Teve uma hora que eu apenas disse "Estou com sede" e um menino do hostel "Vou ali pegar água pra você". Eu fiquei "Oi?". Daí achei que ele fosse, sei lá, me trazer um copo com água de bebedouro, mas, não, ele COMPROU uma água superfaturada pra mim! Eu fiquei todo MAS EU NEM TE CONHEÇO, DEIXA EU PAGAR ISSO, PLMDDS, e ele "Cara, é só água". E tem gente que não gosta de gente, eu nunca vou entender.

Essa foto foi o ápice da minha descoladez.
O que nem é muito, veja minha falta de carisma na foto 
(eu sou o de óculos, pra quem não sabe como é a minha cara)
O de preto, no meio, é o MARIDO DA NÍVEA, Gustavo.
Ele estava passando pela fila, alguém pediu para tirar foto com ele, coisa que eu jamais faria por motivos de vergonha
Daí ME CHAMARAM, vem você também, e eu simplesmente fui.
Me pergunta se eu conheço alguém além de mim e Gustavo nessa foto. Não conheço.

14) Nívea aconteceu. Não apenas aconteceu, como também aconteceu duas vezes, porque em gravação de DVD às vezes tem que repetir música porque não gravou direito. A Nívea teve que cantar novamente umas 3 ou 4 músicas. Eu reclamei? JAMAIS faria isso. Por mim, podia repetir o dvd todo novamente.





15) Eu sou um velho, pois arrasado após as sei lá quantas horas de show. Sentir minhas pernas, não sei mais como é. Valeu totalmente a pena, adorei, mas acho que já bati minha cota de shows na vida (menos de 10, risos).

16) Eu fiquei o show praticamente todo sem tirar fotos, porque não queria perder nada e pessoal fã do hostel não parava de fotografar e fazer vídeos e aqueles celulares tudo na minha frente. Meu plano era catar as fotos de todos, porque, né, o que importa se eu ou outra pessoa está batendo as fotos? Mas eu dormi TANTO que, quando eu acordei no dia seguinte, todo mundo já tinha ido embora do hostel Hahahahah TROOOOUXA.

***

Gente, inacreditavelmente, NÃO TEVE PERRENGUE. Nem pra ir, nem pra voltar, nem ao conhecer as pessoas novas, dividir quarto ou na hora de dormir num lugar desconhecido. Tirando um mico aqui e outro ali, deu tudo TÃO CERTO que eu não sei se os roteiristas dormiram no ponto ou se eu evoluí para o nível "Socialmente Apto". Não interessa muito, eu só sei que cheguei em casa orgulhoso demais de mim mesmo por ter me permitido me jogar nessa coisa toda, que foi quase um salto no escuro. Acho que até peguei um gostinho por viagem, sabe? Mas, nas próximas, quero arrastar minhas pessoas comigo, porque, não adianta, gente é mesmo a melhor coisa.

A pegadinha da empatia

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Se eu estiver enganado, me avisem, mas estou cada dia mais convencido que a empatia é a única coisa que pode aplacar o ódio.

Ah, mas já vem falar de ódio de novo. Gente, desculpa, mas estou obcecado por esse assunto. Quando você começa a pensar, prestar atenção e perceber como a coisa toda funciona, a vontade é de ir mais fundo pra achar logo a raiz do problema. É LIBERTADOR.

Mas vou poupar vocês dessa vez, porque eu estava pensando era na empatia esses dias.

***


***

Não dá em árvore, né? Pode ser um sentimento muito poderoso e tal, mas realmente não é fácil de se conseguir. Deve ser por isso que opera tanta maravilha quando chegamos lá. Como o mundo é tão cheio de possibilidades e padrões de vida, acho que é quase impossível a gente topar com um desconhecido na rua e compreender tudo a respeito da vida dele. Às vezes, acontece de encontrarmos um semelhante em algum aspecto, verdade. Outras vezes, a gente meio que consegue se colocar no lugar da outra pessoa por dedução, associação ou porque tem um amigo que já passou pela mesma situação... Empatia nem sempre vem de graça, sabe? Às vezes, é um esforço.

E até esse esforço pode dar errado, porque tem uma pegadinha. Quer dizer, não faz mal se você usar da sua empatia para apoiar uma pessoa (eu acho), mas se for para dizer que, no lugar dela, você teria feito diferente e por isso aquela é uma má pessoa...

De alguma forma miraculosa, eu nunca me esqueci de um texto (poesia?) que vi no Ensino Médio. O autor é Ulisses Tavares, o título é "Além da imaginação".

Tem gente passando fome. 
E não é a fome que você imagina entre uma refeição e outra.
Tem gente sentindo frio. 
E não é o frio que você imagina entre o chuveiro e a toalha.
Tem gente muito doente.
E não é a doença que você imagina entre a receita e a aspirina.
Tem gente sem esperança. 
Mas não é o desalento que você imagina entre o pesadelo e o despertar.
Tem gente pelos cantos. 
E não são os cantos que você imagina entre o passeio e a casa.
Tem gente sem dinheiro.
E não é a falta que você imagina entre o presente e a mesada.
Tem gente pedindo ajuda. 
E não é aquela que você imagina entre a escola e a novela.
Tem gente que existe e parece imaginação

Lembro que fiquei impactado, tanto que vira e mexe eu continuo com alguns versos na cabeça. Acho que já deu para vocês entenderem onde quero chegar, não deu? Às vezes, a gente ACHA que entende uma pessoa, que conseguiu se colocar no lugar dela com base numa experiência nossa, mas, gente, nem sempre é o suficiente. Não rola tratar uma pessoa desnutrida mandando comer uma besteirinha para aguentar até a próxima refeição. Você pode saber como é ter fome, mas não aquela fome. Ou aquele frio. A gente acha que passou pela mesma coisa, mas nem sempre passou mesmo.

Por isso que é meio complicado dizer Ah, mas eu sofri bullying na escola e tô ótimo hoje em dia, quem reclama disso tá querendo aparecer. Que bom que o bullying não te deixou sequelas, mas você não sofreu aquele bullying. E mesmo que você tenha sofrido o mesmo tratamento que outra vítima sequelada, você ainda não tem a mesma constituição que aquela pessoa.

As pessoas são diferentes e reagem de forma diferentes por diversos motivos. Depende de como a pessoa se vê, do temperamento dela, do histórico familiar, dos relacionamentos que ela já teve, do ambiente no qual ela cresceu, do tanto de amor que ela já deu ou recebeu, se ela, sei lá, dormiu mal ou bem na noite passada... Enfim, muitos motivos mesmo. Com todas essas informações variáveis, cada pessoa vai sofrer mais ou menos, vai reagir com mais ou menos agressividade.

O ponto onde eu quero chegar é que é muito difícil se colocar exatamente no lugar de uma outra pessoa. Até quando a gente acha que sabe como é, a gente não sabe realmente.

Eu cheguei nessa conclusão e fiquei pensando que, ah, é por isso que é difícil julgar outra pessoa por um ato falho cometido. Tipo, a gente consegue julgar o ato (matar uma pessoa nunca vai ser uma coisa boa pra mim, por exemplo), mas julgar o caráter da pessoa, quem ela realmente é, os motivos e as circunstâncias que a levaram a fazer aquilo é bem mais complexo. Eu, particularmente, não consigo mais olhar uma pessoa num situação adversa e dar meu parecer tão rápido, se é que eu tenho que dar algum parecer.

Ódio vem de julgamento, a gente odeia quem a gente julga ruim ou nocivo, de alguma forma. Mas o que tem por trás daquela pessoa horrível? O que tem por trás daquelas palavras tão asquerosas? O que leva uma pessoa a cometer um ato tão cruel? Quais as circunstâncias? Eu tô achando bem difícil apontar o dedão.

***

Eu tô virando o analista louco do ódio, gente (aqui e aqui). Tô tipo Cady Heron, 80% do meu tempo eu passo falando de coisas como empatia, amor e ódio, nos outros 20% eu fico torcendo pra alguém também falar e eu poder falar mais! Hahahahah Eu nunca fiquei tão obcecado, minha meta é ficar que nem Drauzio Varella rindo dos haters.

Se quiserem contribuir com meu vício do bem, podem compartilhar esse texto por aí? Eu quero alcançar mais gente, ver mais pontos de vista, encontrar furos ou apoio para esse caminho que eu acho que estou descobrindo. Serei eternamente grato :)

#Escrevendo: Meu primeiro NÃO

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Nossa, eu meio que estou no chão em ver que há quase exatamente UM ANO eu disse aqui nesse humilde blog que tinha terminado o primeiro rascunho da minha história. Foi um alívio tão grande, um sentimento de superação e dever cumprido tão forte que eu nem imaginei que tudo o que viria depois seria ainda mais puxado.

Nesses 12 meses, eu revisei da melhor forma que pude. Li o original todo umas três vezes, editei várias partes, cortei cenas que me incomodavam, cortei personagens desnecessários, a coisa toda mudou bastante. Isso tudo foi até o meio do ano, quando eu me dei por satisfeito e pensei: Bom, não vou deixar aqui na gaveta, né? Preciso fazer alguma com isso.

Eu pesquisei bastante sobre as minhas possibilidades (publicar no Wattpad, na Amazon, mandar pra uma editora, montar PDF, publicar num blog...) e acabei decidindo por procurar um agente literário. E dá-lhe procurar por agentes e agências, morrer na dúvida de escolher o que parecia mais condizente naquele momento comigo e com a minha história e servir de hospedeiro para aquela agonia na hora de entrar em contato. Mas, né, escolhi.

Uma coisa que eu acho muito interessante é que as agências literárias pedem que você passe por uma análise crítica antes de darem qualquer parecer sobre seu destino. É meio que um serviço à parte onde o agente vai ler sua história e apontar os pontos fortes e fracos, talvez informar se encaixa bem no mercado atual, dar dicas de melhoria e tal. Pois bem, eu tive que passar por isso. A questão é que é um serviço pago e, pelo tamanho da minha história (109k caracteres), eu tive que desembolsar TREZENTAS DILMAS (gente, não deixem esse impeachment acontecer, vai que o nome do próximo presidente não fica bem como unidade monetária) para meu original ser analisado. Respirei fundo, segurei na mão de Deus e fui. Porque, se eu realmente acredito na história (e eu acredito), eu tenho que investir, confiando no potencial dela.

Confesso que foi um período que eu só conseguia pensar na resposta. Era tipo TÃO JULGANDO MEU BEBÊ, sabe. Eu tenho beta readers incríveis, que me apontam as falhas, mas sempre falam com carinho sobre a coisa toda. Cíntia e Anna me fazem até acreditar mais em mim. Mas, agora, seria diferente. Seria uma análise feita por uma pessoa totalmente desconhecida. O mês demorou a passar, a agência ainda atrasou a entrega porque a Bienal aconteceu, mas, quando eu menos esperava, o e-mail chegou. E, gente, deu ruim.



Me disseram que o título era mal trabalhado, que os personagens não convenciam muito, que as descrições precisavam melhorar, que os capítulos estavam mal divididos... OU SEJA. Já pode jogar fora e desistir de viver, né? Podiam ter mandado um documento com uma só linha: TÁ TUDO RUIM, que o efeito seria o mesmo, eu acho.

Fiquei bem "POXA", porque, apesar de eu ser capaz de tecer uma lista de defeitos em tudo o que eu faço, eu realmente AMO essa história. Ela tem a minha cara. Ela é uma das good vibes mais importantes da minha vida. Fiquei meio triste, mas depois vi que concordo com alguns dos itens apontados. Na verdade, alguns problemas eu até já sabia que estavam ali, mas preferi ouvir da boca de outra pessoa que entende mais do assunto. Outros ainda me deixam com vontade de ir lá interditar a agência. Mas, né, se até JK Rowling levou vários nãos antes do sim, eu tinha era que agradecer pela agência não ter vindo aqui pessoalmente cuspir e encher minha cara de tapa.

O resultado é que eu ainda não desisti I'M TITAAAAANIUUUUMMM. Vou pegar as críticas, ajeitar o que eu puder, deixar a história, ao meu ver, ainda melhor e tentar achar uma casa ou pessoas que a defendam novamente. Não é como se eu tivesse a opção de desistir no fim das contas.

***

Eu AINDA estou trabalhando nessa fase 2 e, às vezes, me bate um desespero de que nunca vou acabar de mexer na história. Eu tenho apenas 1 hora para escrever por dia, que eu tenho que lutar pra fazer acontecer, e sabe Deus quando eu vou terminar de editar. Tá rolando quase uma reescrita.

Quis compartilhar essa, bom, não tenho outra palavra, derrota aqui para vocês verem que nem tudo são flores. Na verdade, eu já tô imaginando uma sequência de NÃOs para, TALVEZ, eu rir lá no final, mas, quem sabe?

De qualquer forma, eu queria agradecer a vocês que continuam lendo e compartilhando os textos do Não Sei Lidar. Eu posso não ter um livro publicado, mas acho incrível poder, de alguma forma, fazer parte da vida de vocês por meio das palavras :)
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