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Semana sem Vergonha

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Em 90% dos casos que me dão vergonha extrema, eu sei que o que sinto é irracional, ilógico. Saber disso não diminui em nada a vergonha, não é algo que eu escolho sentir ou não. O pior é que, quem me conhece pessoalmente sabe, eu fico visivelmente vermelho, nem dá para disfarçar. Mas, enfim, eu comentei no último texto como esse meu medo de passar vergonha me tira um monte de coisas.

Daí que meu aniversário chegou (e já passou faz mais de um mês, gente, não precisa me parabenizar!), e eu queria dar a mim mesmo um presente especial. Eu sempre faço isso. Um presente marcante, útil, revolucionário e satisfatório. Entendam que minha definição de especial é uma coisa muito pessoal. Então, inspirado pelo meu livro favorito, eu descobri o que eu queria.



Aí comprei uma vela perfumada.

Brincadeira. 

Dei a mim mesmo uma Semana sem Vergonha. Uma semana de ousadia (UEPA!), de confiança e de autoestima alta. A vergonha não iria embora da noite para o dia, né? Não, continuei com vergonha, mas, nessa semana, eu me proibi de deixar de fazer coisas que queria só por sentir vergonha. Não era uma semana de proibição, na verdade. Era uma semana de permissão. Tudo estava permitido, mesmo que meu psicológico dissesse que, ei, você não vê como está ridículo? 

***

Foram muitas emoções? FORAM.

Uma coisa que eu tinha que presenciar toda semana era a ginástica laboral que tem lá no trabalho. Gente, que troço constrangedor. Basicamente, é um alongamento. Chega lá o profissional da ginástica, convida todo o pessoal da sala (Você, seus colegas de trabalho, os velhos, os novos, a secretária, o pessoal do cafezinho, seu chefe) e faz coisas que você vê na academia ou numa aula de Educação Física. "Estica o braço, mão direita nas costas, desce até o chão, bunda pro alto, segura o  pé esquerdo". Tipo, ali. Na sala. Você em posições antinaturais na frente dos seus colegas de trabalho. Eu morria só de olhar. A maioria do pessoal participava, eu não. Mas queria. É um benefício, se alongar faz bem, um clima de descontração e tal, a menina que aplica a ginástica é super legal etc.

EU FIZ. Ninguém acreditou quando eu fui o primeiro a levantar (nem eu). Minha cara queimou? SIM. Me bateu um cagaço? SIM. Cheguei a cagar nas calças de verdade? TALVEZ. Mas fiz tudo. Ainda ri, fiz piada (Fazer piada é minha defesa automática), gostei. Resultado: Faço sempre agora. A vergonha diminui a cada vez.

***

Outro momento grandioso pra mim foi quando eu fui num casamento, que é a festa onde gosto de me esconder e ficar sentado no meu lugar do início ao fim. Eu quis me desafiar naquela brincadeira da gravata, quando os padrinhos passam de mesa em mesa pedindo dinheiro para os noivos. O cara passando com o microfone, fazendo piadas (ruins), galera colocando 2, 5, 10 e 20 reais no chapéu, chega na minha mesa.

- O QUE QUE ESSA MESA TEM DE BOM? ACEITAMOS TUDO.

Só gente nova na mesa, todo mundo duro. Eu só me movimentei pra chegar no microfone e:

- ACEITA DENTE DE OURO?

Ah, lavei minha alma. A comoção geral da festa foi eu colocando uma oncinha no chapéu discretamente.

- UMA ONCINHAAAAAA. MEU DEUS DO CÉU, ALGUÉM FILMA ISSO AQUI. TOMA, JOGA A ONCINHA DE NOVO.

E eu tive que encenar o lance, pessoas batendo palma, flashes, todos rindo, eu rindo com um pedaço enorme da gravata... Festa de pobre, sempre as melhores. Gente rica não sabe viver.

Sei que vou morrer quando ver as fotos e assistir a filmagem. Mas, ó, foi bom.

***

Conversei com pessoas no ônibus, no metrô, no refeitório. Usei capuz para não deixar minhas orelhas congelarem no Metrô, coisa que sempre quis fazer. Pedi informação, apareci em fotos, usei um mictório, entrei num carro, SUBI NUMA MOTO.

***

Falhei terrivelmente numa festa que me chamaram para dançar quadrilha. Eu queria muito, mas não deu. Só pra ficar registrado que todo mundo tem limites e não é fácil encarar todos os seus medos assim logo de cara. Não deve ser saudável. Mas juro que fica para uma próxima oportunidade porque, caramba, aquela dança estava muito boa.

***

Jogando os sete dias da Semana Sem Vergonha na ponta do lápis, o saldo foi positivo. Nossa, que semana. Eu adorando tudo, mas torcendo que, pelo amor de Deus, acabasse logo. E acabou. Não morri, não sofri bullying algum, ninguém riu de mim, só deu em coisa boa. O bom é que, depois desse desafio, eu levei o que deu certo comigo. Estou fazendo a laboral todo dia. E me convidem para o casamento de vocês porque eu estou planejando causar comoção com uma truta dessa vez :P

Foi o melhor presente, recomendo a todos, daqui a pouco eu apareço com mais história.


O dia em que minha irmã foi sequestrada

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Se eu mentisse para vocês e inventasse situações que nunca aconteceram, vocês teriam causos novos toda semana, mas nenhum seria tão surreal quanto esse que, de fato, ocorreu. Não comigo, verdade, mas com minha mãe, o que é tão bom quanto. Minha mãe estava trabalhando quando recebeu uma ligação de número desconhecido:

- Alô?
- OI, DONA, A GENTE ASSALTOU UM BANCO, SUA FILHA ESTAVA NO LUGAR, ELA FICOU NERVOSA E REAGIU, PEGAMOS ELA.
- OI???
- MEU COLEGA FOI BALEADO, QUEREMOS 3 MIL REAIS. É A SUA FILHA! 

*uma menina chorando no fundo*

- CAROLINE, MINHA FILHA, CAROLINE.

[Pausa para uma dica especial para quando sequestrarem alguém da família de vocês: Não digam o nome da pessoa se o bandido não disse antes.]

- QUEREMOS 3 MIL REAIS, DONA. 3 MIL.
- ....
- ..........
- ..............
- .........................
- Moço, eu não tenho esse dinheiro. Onde vou arrumar 3 mil reais?
- É A SUA FILHA, DONA.
- OLHA AQUI, MEU SENHOR, eu vim trabalhar hoje porque estou devendo x reais e não tenho como pagar! [Devendo pra mim, inclusive] Tô aqui me matando pra conseguir esse dinheiro! TRABALHANDO. EU NÃO TENHO 3 MIL REAIS.
- ....
- ...............
- Moça, a senhora é doméstica?
- SOU.

[Pausa para minha reação: "Mãe, por que você disse que era empregada doméstica se nem é?", "Eu senti que era o certo"]

- Ô, dona, desculpa, isso aqui é um golpe. Não é sua filha não, é um golpe, pode ficar tranquila. Liga pra sua filha, vê se ela está bem. Desculpa aí.

*desliga*

Bandido bom é bandido que respeita nóis pobre.

My person

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Caí nesse texto sabe Deus como. Eu sou o louco dos blogs pessoais, saio clicando em tudo que é indicação, em tudo que é blogroll, em tudo que é link com promessa de me fazer feliz com coisas do cotidiano. Daí que eu topei com o tal texto, que achei hilário, mas gigante, e ninguém é obrigado, onde a mulher passa por um perrengue que faz os meus serem fichinha e pensa em pedir ajuda para alguém. Mas daí ela pensa em quem viria imediatamente nessa emergência e desiste de ligar. É, é hilário, mas triste.



Quem sou eu pra saber do futuro? Mas, amigos, fiquem tranquilos. No dia que eu precisar esconder um corpo, vou fazer sozinho, quero complicar vocês não. E nunca exigiria que vocês largassem tudo para me ajudar num crime, imagina.

Só que junta o texto do Milarga com essa cena clássica de Grey's Anatomy, e eu te pergunto: Quem é a MINHA pessoa? Daí eu acabo esse texto com esse questionamento deprimente e com o sentimento QUERIA ESTAR MORTA no meu coração.

BRINCADEIRA!


Na triste época em que receber um salário deixou de fazer parte da minha vida, eu participei de um processo seletivo num lugar que, meu deus, nunca me senti tão deslocado. Sabe aquela sensação de entrar numa sala para concorrer com umas 50 pessoas de terninho, calça e sapato social, quando você está de tênis e calça jeans? Eu sei. Era muito intimidador. Acho que roupa social deixa as pessoas uns 20 anos mais experientes. A primeira fase foi uma prova escrita pelo capeta, que eliminou mais da metade dos participantes. Eu sambei fiquei. Deveriam ter dito que a etapa mais desafiadora seria o coffee break.

Montaram várias mesas com doces, salgados, pães, sucos, café, refrigerante, uma infinidade de opções. Nem consigo comer nada nessas ocasiões, meu estômago embrulha, mas, beleza, encostei numa pilastra. Eu vi o pessoal conversando, batendo papo com a maior facilidade, comendo, rindo... Do nada, o lugar ficou super claustrofóbico pra mim. Eu não conseguia entrar nas conversas, não conseguia participar, nem comer. Ficar parado fora de uma rodinha estava me matando de vergonha (Não sei se vocês já sentiram isso, certamente tem uma palavra em alemão ou francês que descreva esse sentimento). Eu meio que pirei.

Pensei por 2 segundos em fingir que estava falando no celular, mas, gente, sensatez. Liguei pra Jéssica, e acho que nem disse oi:

- Felipe??? *sintam a perplexidade porque eu muuuuito raramente ligo pra alguém*
- FALA QUALQUER COISA.
- Oi?
- QUALQUER COISA. Tô morrendo aqui no processo seletivo.

E falamos aleatoriedades por tempo suficiente para eu me acalmar, o break até já estava acabando. Nossa, aquilo valeu TANTO pra mim. Eu nem fiquei sabendo onde ela estava, com quem estava (Só depois. Risos. Desculpa.), o que estava fazendo. Só sei que meu dia foi salvo.

Eu nem consegui a vaga de emprego. Mas o que marcou meu dia foi uma coisa boa. Foi saber que My Person existia, e estava ali. Faz a gente sentir que fez alguma coisa certa na vida, né? Talvez não sempre, mas My Person é uma via de mão dupla. Amizade de verdade se faz com duas pessoas.

Daí que, mais importante que ficar deprimido porque nenhum nome surgiu na sua mente, é notar se você foi a My Person de alguém, se você já socorreu alguém quando esse alguém precisou. 

Pensa aí e me conta aqui nos comentários ;)

#Escrevendo: Eu não sabia do caos

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Não achei que seria tão puxado manter o ritmo que emplaquei em julho, mas, agora, de posse de uma história com início, meio e fim, eu posso garantir que valeu a pena. Quer dizer, eu adoro imaginar novas histórias. Eu sou uma máquina criadora de ficções que ficam só na minha cabeça. Eu deveria contratar um exército de ghost writers e dominar o mundo com uma dúzia de livros publicados por mês. Mas, né, não há dinheiro para tal façanha, o que significa que eu mesmo tenho que colocar a mão na massa.



***

Eu olho para alguns livros e vejo algo de sagrado neles. Parece que não foram escritos por pessoas. O próprio Deus talhou em pedra e apenas passou discretamente para o homem publicar em papel. Eu leio as frases e fico MEU DEUS... COMO? MAS... MAS... O QUE ACONTECE NA CABEÇA DESSA PESSOA? Genialidade pura*. Esses são os autores com lugar já reservado no céu.

Porém, há uma segunda categoria de escritores, que consiste basicamente em: todo o resto. Esses não recebem muitas visitas das divindades inspiradoras. Não, esses precisam talhar suas próprias pedras e montar seu caminho sinuoso para algum lugar indefinido que pode ou não levar ao sucesso. Eles são as pedras. O pessoal da segunda categoria são aqueles que simplesmente fazem as coisas. Vão com o que têm, arriscam a fazer o que sabem e torcem para dar certo no final.

Acabei de dar um abraço na galera do segundo grupo e de dizer "Calma, vai ficar tudo bem".

Livro não é magia. Não são escritos numa única tarde de sol e brisa, nem imediatamente depois de, opa, tive um sonho legal, acho que termino de escrever um romance antes da Sessão da Tarde. Não é mesmo magia. Livro é esforço, disciplina, alguma renúncia, um pouco de desespero, reclusão, luta contra a procrastinação e outros demônios menores. Livro é fazer surgir tempo e força de vontade que não existem, é seguir em frente sem inspiração.

Livro é esperança e diversão também. AINDA BEM.

Estou pagando por todos os meus pecados cometidos contra escritores nesses anos de internet, blogs e redes sociais. Contra todos aqueles que eu jurei que tinham fumado um baseado durante a escrita, contra as escritas as quais chamei de porcas, contra os plots que eu chamei de ridículos e contra todos os autores que gonguei menos John Grisham. Não há perdão para você, John. Você me gongou, eu te gongo agora EU NÃO SABIA DO CAOS. Gente, é uma luta desenvolver personagens coerentes. Você quase chora quando chega no capítulo 10 e vê que tudo ainda faz sentido, embora você não saiba exatamente como. Levar um plot do início ao fim é como puxar um cachorro teimoso pela coleira por um caminho no qual ele não quer andar. Nós esquecemos coisas, escrevemos besteiras, ficamos com vontade de apagar tudo e começar outra história. Apenas preciso aplaudir de pé essa galera que chega até o fim e consegue fazer um leitor - nem que seja só UM mesmo - realmente gostar do que foi escrito. E ainda pagar por isso.

Aplaudindo Stephenie Meyer, E. L. James, 
Elizabeth Chandler, John Green, Dan Brown, seus guilty pleasures...

Longe de mim criticar quem chega lá, com base no argumento "Ah, isso até eu faço". Não, amigo, você não faz. E, se faz, está perdendo teu tempo urubuzando, deveria estar fazendo e ganhando dinheiro também. Vai lá, boa sorte.

Escrevendo, eu pude ver que todo livro, mesmo aqueles que parecem terem sido feitos nas coxas, são frutos de trabalho duro, porque simplesmente não dá para cuspir tudo no papel. Mesmo quando a publicação parece toda errada, eu tenho certeza que o autor começou porque acreditou ter tido uma boa ideia, que ele revisitou parágrafos, que ele teve insights durante a escrita e que ele achou o trabalho final, pelo menos, aceitável. Ou seja, ele deu o melhor dele naquele momento. Se a crítica geral não apreciou o resultado, apenas me resta torcer para que o autor aprimore suas habilidades e comece outra história do zero.

E não é como se eu não fosse criticar livros nunca mais. PORQUE EU VOU. Vou discordar das ideias, vou pensar em frases melhores, vou notar as incoerências e olhar feio para as saídas fáceis. Mas vou ler com empatia, de preferência aprendendo com os deslizes alheios.

* Só quis colocar o primeiro grupo no pedestal, sei que os gênios trabalham pesado também. Mas não consigo abandonar a impressão de quem tem um dedo de Deus naquelas palavras.

***

Então, eu tenho um original para revisar, editar, cortar, odiar, pôr fogo, jogar no lixo, pegar de volta e, finalmente, me dar por satisfeito. O que vem depois da satisfação, eu realmente não sei. Por hora, vou seguir a dica que me deram de deixar a história descansando por um tempo antes de começar a revisar. Até porque, honestamente, quem precisa de descanso sou eu.

Deixa eu tirar a poeira desse blog.

Um mundo de experiências

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Viajar não entra nem no top 100 das minhas atividades favoritas. Está mais para o bottom, na verdade. Não tenho nada contra a experiência em si, até aprecio quem gosta, porém não tenho motivação. Isso porque, geralmente, as pessoas viajam para conhecer 1) novos lugares e/ou 2) novas comidas. E, quem me conhece sabe, eu não poderia me importar menos com "vistas deslumbrantes", "tardes tranquilas" e "pratos deliciosos".

E são tantas as pessoas viciadas nisso! Gente postando foto do céu de um país, gente fazendo declaração de amor para uma cidade, gente padecendo em casa, clamando pela libertação que é fazer as malas e voar para um destino promissor... Fiquei em crise um dia desses porque eu simplesmente não tenho vontade alguma (Quer dizer, gente, o que o céu de Paris tem de diferente do céu de Nova Iguaçu? É de outra cor?) de me deslocar para conhecer lugares inanimados, logo, onde estava minha motivação para viver?

 Quando eu penso em visitar "lugares maravilhosos"...

O que eu descobri foi que o que eu mais gosto NA VIDA são: Pessoas. Pessoas e experiências vividas com outras pessoas.

(Parece que foi num passe de mágica, né? De um parágrafo para o outro. Mas demorou uns 200 e-mails trocados com pessoas que lidam com as minhas crises gratuitamente) (E não possuem graduação em Psicologia) (Eu chamo de amigos)

Eu até iria para Paris se lá tivesse alguma coisa exclusiva e espetacular que eu pudesse fazer. Não só ver, tirar umas fotos e marcar na checklist como "visitado".

Escalar uma parede! Se pendurar numa tirolesa! Passar por baixo de uma cachoeira! Doar sangue! Usar um capacete Viking! Foram algumas das experiências pelas quais passei em 2014 e que quase me fizeram vestir uma camiseta com a estampa Amo/Sou. E eu lembro de como me senti EXTASIADO passando por cada uma delas, de como fiquei relembrando-as com um sorrisão no rosto e de como eu quis que esses momentos durassem para sempre. E todos eles só aconteceram porque as melhores pessoas estavam envolvidas.

 Se você é uma pessoa legal,
favor receber esse abraço

***

Por mais que eu seja fã do estilo Deixa A Vida Me Levar™, a vida é curta e um pouco preguiçosa demais para fazer as coisas acontecerem. Eu estava naquele momento meio deprê com as fotos de vocês em Miami ou, sei lá, Aracaju (tudo praia) e DECIDI que eu mesmo preciso caçar as minhas experiências.

Não sei se vocês já perceberam que existe um mundo de experiências que a gente sonha em viver, mas meio que esperamos que elas aconteçam. Eu quero ir atrás delas. Quero viver situações e ver se consigo compensar os anos que a vergonha me tirou.

***

Conhecer uma tirolesa desse naipe! Cinema 4D! Passar por uma sessão de massagem! Andar a cavalo! Patinar no gelo! Apadrinhar uma criança! Coisas que nunca fiz, quero fazer e, sejamos francos, não são difíceis de encontrar. Já tenho uma lista modesta com uma dúzia de itens.

Vocês já pararam para pensar em coisas que vocês poderiam fazer, mas nunca fizeram simplesmente por não focarem nelas?

Eu quero a ajuda de vocês para preencher minha lista. Que coisas legais vocês já fizeram? Alguma experiência daquele tipo TODO MUNDO TEM QUE? O que seria engraçado de fazer, ainda mais eu sendo todo atrapalhado e abençoado com roteiristas criativos? Tô considerando qualquer coisa exceto as ilegais, as imorais e sauna, que, pelo amor, que coisa sem graça esse lance de sauna. E aceito companhia, hein.

Doação de sangue e pequenos constrangimentos

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Quando a Anna pediu como presente de aniversário que as pessoas fossem doar sangue, eu pensei: PRECISO FAZER ISSO. Experiências! Etc. Quer dizer, pessoas precisam de sangue o tempo todo. Temos sangue. Me pareceu muito lógico doar algo que não me fará falta alguma. Ilógico é banco de sangue passando aperto. Não sei como essa galera não avança na gente para tirar o sangue a força, nem julgaria.

Mas confesso que não foi o espírito cristão do Natal que me arrastou até o Hemorio, fui mais pela curiosidade de fazer uma coisa que nunca fiz.

Eu poderia fazer um relato cheio de informações importantes sobre a doação de sangue, mas, gente, usem o Google. Os sites dos pontos de doação explicam (quase) tudo. Vamos nos focar no (quase).



***

A gente chega, faz um cadastro bem rápido e simples, responde um questionário do naipe SIM ou NÃO e espera até ser chamado para uma ~entrevista~ com um médico. No meu caso, médica.

De início, a pessoa querida FUROU meu dedo. Achei indelicado, de onde eu venho as pessoas dizem seus nomes antes de começar com essas intimidades, mas, beleza, era o trabalho dela. Apenas fingi que não doeu e resolvi dar uma segunda chance para nossa amizade. Claro, teve a balança antes. Quem tem problema com esse aparelho tão temido no século 21 não deve se intimidar, é tudo profissional e você não precisa tirar a roupa (verifiquei). Eu fiquei feliz por não ter menos de 50kg e ser impedido de doar, era uma possibilidade.

O interrogatório A entrevista em si foi interessante, não estou acostumado a pessoas querendo saber de mim nesse nível. A médica apenas repetiu o questionário do SIM ou NÃO, me olhando nos olhos, esperando cada resposta, como se elas não estivessem marcadas no papel sobre a mesa dela. "Minha senhora, está tudo escrito aí", eu quis dizer, mas apenas respondi novamente. Cada vez que eu respondia que NÃO tinha tal doença, eu imaginava ela pensando SIM, VOCÊ TEM. Estava quase confessado OK, EU TENHO AIDS, mesmo não tendo. É um pouco diferente responder num papel e falando com uma pessoa.

- Já fez sexo com homem que teve hepatite, aids, sífilis peste negra ou tenha feito transfusão de sangue?
- Não.
- Já fez sexo com homem que tenha feito sexo com outro homem?
- Não...
- Já fez sexo com homens?
- MINHA SENHORA, ONDE VOCÊ QUER CHEGAR? Não.
- Já fez sexo com prostitutas?
- TEM ESSA PERGUNTA AÍ? Não.
- Já recebeu dinheiro ou alguma outra coisa em troca de sexo?
- HAHAHAHAHAHAHAHAHAH Moça... não.

Na pergunta do sexo por dinheiro, eu realmente dei um risinho de "kkkk essas perguntas", mas a mulher foi impassível. Perguntou tudo muito séria. Se eu fosse ela, apenas me divertiria inventando perguntas:

Eu: Já fez sexo com animais?
Pessoa: Não... oO
Eu: Nem com ovelhas?
Pessoa: Claro que não!
Eu: Jura, amigo? Com essa cara aí?
Pessoa: WTF?!

Eu: Já soltou flatulências em público?
Pessoa: Er... Não...
Eu: Olha, isso aqui é confidencial. A senhora não precisa mentir pra mim. Em elevadores, pelo menos?
Pessoa: Ok, umas duas vezes. .

Eu: Já fez sexo com homem que tenha feito sexo com mulher que fez sexo com outro homem que, na verdade, era irmão gêmeo do primeiro homem, porém malvado e com sífilis?
Pessoa: Talvez...?

Fora esses pequenos constrangimentos, a parte mais difícil para mim foi: COMER. Tinham me dito "Faça uma refeição leve antes de ir", e eu fiz, porém deveriam ter me dito: "Vá morto de fome, descubra seu mendigo interior". Antes de doar, você precisa comer umas coisas que eles dão. No meu caso, foram 3 pacotes de biscoito (naipe Club Social) mais umas balas mais QUATRO copos de suco. Para mim, foi muito (50kg etc). Mas sobrevivi.

***  

A agulha pode ser um pouco assustadora, é a picadinha de um mosquito africano. Você fica meio sentado, meio deitado numa cadeira confortável, abrindo e fechando a mão, sentindo um pouco de incômodo no braço, mas nada demais. Eu perguntei quanto demorava o processo, e me disseram "cerca de 12 minutos". Daí eu, opa, posso começar a ver um episódio de Parks and Recreation, mas, ué, acabou. Foram, sei lá, uns seis minutos.

Levantei da cadeira bem devagar, como se minha cabeça pudesse explodir caso eu fizesse movimentos bruscos. Caminhei lentamente para a saída pensando "Se eu desmaiar aqui... Pera, que cueca eu estou usando? Por que olhariam minha cueca em caso de desmaio? Iam abusar de mim? Por que as pessoas se importam com isso? Digo, com usarem roupa íntima velha, não com abuso..." até que cheguei num refeitório - meu deus, mais comida - onde todas as serventes me amavam como se fossem minha mãe. Tipo um harém sem sexo, sabe?

"Pode sentar, Doador, nós vamos trazer seu lanche."
"Não, Doador, fica sentado, não precisa levantar"
"Parabéns, Doador, aproveite seu lanche"
"Está se sentindo bem, Doador? Pode deixar tudo aí na mesa, nós vamos buscar"

O lanche foi muito melhor dessa vez. Croissant de queijo, bolo de chocolate, uma caixinha de suco, barra de cereal... Nunca que eu ia conseguir comer tudo, mas comi o máximo que deu, pra não cair na rua e tal.

***

Não passei mal. Não senti nada. Andei até a Central do Brasil, passei quase duas horas num ônibus e cheguei em casa sem notar que estava com menos sangue. Eu sei que tem gente que doou e sentiu efeitos colaterais (fraqueza, tontura...), porém a dica que eu não seguié ir acompanhado. No fim das contas, você ainda ganha um dia livre no trabalho e um exame de sangue completo.

A experiência pra mim foi muito positiva, recomendo a todos. Vá para ajudar alguém, vá por diversão, vá pelo lanche, apenas vá. Eu pretendo continuar e, da próxima vez, levar mais gente.


Suporte técnico

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Minha mãe ganhou um rack e precisou tirar TV, dvd e todos os enfeites milenares do rack antigo para por no novo, e, assim, durarem mais mil anos. Ficou tudo muito bom, muito bonito, porém: a TV a cabo ficou sem sinal. Minha mãe e minha irmã, meio desesperadas porque interferiram na harmonia do Universo, me chamaram para ver, porque, risos, "entendo de computadores".

A gente ganha um diploma em Ciência da Computação, e galera acha que a gente sabe programar TV, consertar impressora, máquina de lavar, exorcizar notebooks e fazer café sem ler o manual, mas beleza.

Ligávamos a TV e ficávamos olhando para a triste mensagem: "Sinal não encontrado". Eu mal vejo TV, mas família estava se comportando como se um ente querido tivesse passado dessa para melhor. "Ela era tão boa!", "Não posso ficar em casa hoje porque me lembro dela", "Lembra quando a gente sentava junto no sofá e...". Tentei mexer nos cabos e tal, mas sem sucesso. Liguei para o suporte técnico uns dias depois.



- Para falar sobre promoções, tecle 1. Para falar sobre problemas no aparelho, tecle 2...

*vai com o dedo no 2*

... Para falar sobre problemas técnicos, tecle 3...

*ué* *vai com o dedo no 3*

... Problemas com o controle remoto, tecle 4...

Sem sinal é problema no aparelho, no controle ou apenas técnico?

... Para ouvir uma piada sem graça, tecle 9. Para apenas ouvir a voz de uma pessoa para te dar força nos momentos de carência, tecle 10. Para ouvir uma prévia do novo single da Taylor Swift, tecle 11. Para falar com um de nossos atendentes, tecle 12. Para...

MUITAS OPÇÕES. Mas, depois de divagar sobre a lista, escolhi falar com uma atendente. Me pareceu mais coerente, até porque já cansei de Blank Space.

- Bom dia, senhor, essa ligação está sendo gravada, o número do protocolo é: 93767356752523983434...
- Mas, gente.
- 57471238456182345058347589273503784543273095648768...
- Mas como...?
- 3492386482356984510293489237409237487XZYT-$#@***##. Caso seja necessário, enviaremos para seu e-mail.
- Imagina, anotei tudo Ah, tá bom.

Esse e-mail nunca chegou. O dia em que o mundo precisar de um número de protocolo de atendimento para ser salvo, estaremos perdidos.

- Então, senhor, darei algumas instruções para tentarmos resolver o seu problema.

Eu gosto dessa parte da resolucão dos infortúnios, apesar de me sentir muito subestimado pela pessoa do outro lado.

- O aparelho está ligado?
- ...
- Senhor?
- Não, moça, eu achei que funcionava sem ligar. Não funciona? ESPERAVA MAIS DA TECNOLOGIA DESSA EMPRESA Está.
- Tire da tomada, espere 10 segundos e ligue novamente.
- Hahahahah A senhora acredita nisso? Grande suporte técnico Tá bom.

Apenas fingi que fiz, até porque já tinha feito mesmo. Desligar e religar é, tipo, a regra número um da Informática.

- Não funcionou.
- Humn... Retire o cabo branco da entrada XYZ do aparelho e reconecte.
- Moça, chega, só funciona uma vez. ME DIZ LOGO SE NÃO SABE COMO CONSERTAR Pera aí.

Estava rindo do atendimento patético, do alto da minha grande sabedoria universitária, porém fui dar uma olhada na tal entrada XYZ apenas para fingir mais um procedimento e:

O cabo branco. Não estava. Lá.

Não havia cabo.

No meio do caminho não havia um cabo.

No hay cabo.

Habemus cabo. Só que não.

Com minha cara queimando, dei uma olhada geral, porque deveria haver um cabo branco ali, não? Estava ligado na TV. O cabo do aparelho estava na TV, e a gente querendo que a coitada sozinha encontrasse o sinal. Coloquei no lugar certo e... funcionou.

- Funcionou, senhor?

Não tive coragem de me humilhar na frente da minha nova guru espiritual, apenas respondi:

- Opa, o problema foi resolvido :DDD TCHAU.

Desliguei. Zapeei pelos canais enquanto imaginava a atendente, agora com ar de superioridade, falando com a amiga: "Aposto que o cabo estava no lugar errado MUAHAHAHAH". Rasguei meu diploma.

Watchers e Doers

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Tem um episódio de Grey's Anatomy em que Izzie e George estão fartos de ficar na sombra dos outros médicos da série. Eles param e observam todo mundo correndo atrás das oportunidades, cada um do seu jeito feroz, e chegam à conclusão de que esse é justamente o problema deles dois: Eles observam, apenas. São watchers.

Se tem uma coisa que eu fui a minha vida toda, foi ser um watcher. E eu gostei de ser. Eu gosto ainda. Quando meu primo mais velho jogava os vídeo games modernosos dele, eu ficava feliz em apenas assistir o jogo, como se fosse um filme. Até recusava quando ele me deixava jogar, parecia complicado demais para mim. Eu nem tentava, verdade seja dita. Eu meio que levei esse comportamento pra vida e, com um pouquinho mais de insanidade, eu seria aquele menino de As Vantagens de Ser Invisível. O grande plot twist da minha vida é que eu topei com pessoas que fazem as coisas acontecerem.

Tanta desgraça generalizada que eu fiquei até com vergonha de dizer que, desculpa, gente, eu fui muito feliz em 2014. Mais do que nunca. Memória não é meu nome do meio, mas eu olho meu ano no Facebook para trás e só vejo as coisas boas. Minha primeira viagem, as pessoas maravilhosas que conheci, os livros que li, as mensagens que troquei, o mundo incrível das séries de TV, os encontrinhos onde conversar é a atividade principal e ninguém reclama, a sensação única de terminar o rascunho de um livro, os desafios que eu me propus e cumpri...

Claro que eu tive que dar meus pequenos passos, mas em quase tudo o que aconteceu teve um fazedor por trás. Eles estão sempre por perto. Os outros médicos que davam agonia em George e Izzie, os doers, os que fazem acontecer, os que trazem a existência um fato que nunca aconteceria sem uma forcinha.

Em 2014, eu fui muito convidado, muito apresentado a tal coisa, recomendado a fazer tal coisa, muito passivo. E tive um ano fantástico embarcando na aba de quem faz! Eu nem estou reclamando, veja bem. Mas a pulga na minha orelha é: O que acontece em 2015 se eu também convidar, se eu também marcar? O que acontece se eu for à Montanha, ao contrário de Maomé, e evitar um deslocamento de terra desnecessário e uma mudança geográfica homérica?

Então, eu poderia fazer uma lista com itens que jamais cumprirei, porém, vou deixar simples e manter em 2015 o pensamento de: Faça coisas, Viva pessoas.

Tá certo que Izzie e George fizeram um monte de cagada nesse episódio, mas é um risco que quero correr.

Paixão de verão

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Foi num dia de muito calor que eu senti um calorzinho diferente. Foi difícil de aceitar, mas eu agi apenas por impulso. A gente é criado de um jeito a vida toda, é ensinado que amor é de um tipo de pessoa para outra, então, quando acontece de uma forma inesperada, a gente balança um pouco e precisa tomar uma decisão importante.



Eu olhei para um carioca. Eu nunca tinha reparado nos cariocas. Tipo, eu olhei muito pra ele. Eu não sei paraaaaar de te olhaaaaar, tocando ao fundo. Daí não sei como aconteceu, não sei quem pegou quem.

Escondi da minha família porque eles não iam entender, mas estou aqui compartilhando com vocês. Eles iam acabar com nossa relação muito mais rápido do que eu sozinho certamente faria. E eu tinha a impressão de que o carioca era só meu. Não queria dividir, sabe? A gente passa um tempão buscando um sentimento verdadeiro e, mesmo sabendo que paixão é coisa breve, eu queria aproveitar o momento, sem me preocupar com a opinião dos outros. E estamos aí até hoje.

Estou apaixonado? Sim. Estou pagando por prazer? Sim. Eu posso me casar com ele? A lei diz que não. Essa relação vai contra os valores cristãos? NÃO QUERO SABER, EU NASCI PRA ESSE SORVETE.

Mozão 


PS: A Kibon não me pagou nada para escrever esse texto, mas deveria.

Sou praieiroôô

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Eu poderia começar esse texto cantando o novo tema de abertura da minha vida SOU PRAIEIROÔÔ, SOU GUERREIRO, TÔ SOLTEIRO, QUERO MAIS O QUÊ , mas vou apenas dizer que, quando alguém perguntava "Qual praia é melhor?", eu pensava de cara: "A que for mais perto pra você, ué".

Acho que o calor insano do Rio de Janeiro me desconfigurou, deu pane no sistema, e só me restou entrar nessa vibe Jammil e Uma Noites para sobreviver. Então, em toda oportunidade, eu me junto ao coro VAMOS PRA PRAIA. Só que pessoal sempre empaca na hora de escolher qual praia ir. Veja minha visão de mundo, e você pode deduzir que eu causo polêmica quando digo: "Mas, gente, praia é tudo igual".

Causaria a mesma comoção com as frases "Mas, gente, zoofilia não tem nada demais" ou "Mas, gente, The Voice Brasil é muito melhor que o americano".

E as pessoas só me dão argumentos do tipo MAS ESSA PRAIA É MUITO FEIA ou A COR DA AREIA DA PRAIA TAL É MAIS CLARA ou ainda O MAR DESSA PRAIA HORROROSA É MENOS AZUL. Gente, que que importa as cores da areia e do mar? Você tá indo fazer um ensaio fotográfico ou fugindo do calor? Praia bonita não é argumento. Vocês dão muita importância para "vistas maravilhosas". Ah, Felipe, mas você é muito chato Amigo, há quanto tempo você visita esse humilde blog?

Acontece que nessa de "Tanto faz, gente", eu paguei por todos os meus pecados contra os deuses da praia e entrei NA PIOR PRAIA DO MUNDO. Era mais pedra do que areia (inovador, mas desconfortável), a água estava cheia de Coisas Da Natureza Que Adoram Grudar Em Você (o que faz a gente pensar o tempo todo que está sendo atacado por águas-vivas), além do lixo (achei: 2 latinhas de cerveja, 2 garrafas, 1 copo descartável, 1 bolsa plástica, 1 laranja descascada. Tipo, dava pra fazer a compra do mês ali), e o mar, gente, o mar odiava humanos. Além de bruto, tentou assassinar eu e meu bando naquelas pedras estrategicamente posicionadas para ferrar pessoas. Perdemos sangue, mas ninguém morreu.


NUNCA MAIS (Mas tão lindas as fotos).

Depois dessa, tenho que dar o braço a torcer: praia não é tudo igual. Se tem uma cachoeira por perto, ganha 50 pontos. Mais 10 pontos se tiver chuveiros públicos para o pessoal se livrar da areia. Não reclamo se tiver comércio ao redor, até dou uns pontos sim. Menos 20 se sofrer de superlotação. Se só tem aquelas pessoas bonitas e marombeiras, tiro 5 pontos porque não sou obrigado a me sentir constrangido. Praia desclassificada se for imprópria para banho ou se o mar tiver tendências homicidas.

Todo o teatro na minha vida

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Antes de 2015, aquele período conhecido como Minha Vida Praticamente Toda, eu só tinha ido ao teatro uma única vez. E minha lembrança mais forte era que eu quase tinha morrido sufocado com aquela fumaça sem propósito. As pessoas comentavam sobre peças teatrais perto de mim, e meu comentário era sempre "E eles gostam de usar aquela fumaça, né? Teve uma vez que fui e...".

2015 chegou com um "Tá na hora de mudar isso, não é mesmo?".

Gente, teatro é uma coisa. Não é um "cinema só que ao vivo". Não é "tipo um filme, mas sem muitos efeitos". Teatro é uma experiência completamente diferente. Sim, você fica sentado vendo uma história desenrolar na sua frente, mas o fascínio é outro.



Fui ver "Meu nome é Reginaldson" (< R$ 20), uma comédia em forma de monólogo, e saí de lá maravilhado. Eu reviro olho pra ator que menospreza novela, cinema etc porque "teatro que é atuação de verdade", mas, gente, eu tenho que concordar numa coisa: TEATRO É IMPOSSÍVEL. Fernando Ceylão atuou por quase duas horas sem pausa pra lembrar o texto, sem erro, sem gaguejar. Achei incrível a forma como ele se movia no palco, e a luz mudava magicamente. Tudo muito sincronizado. Nada menos que fascinante um cara fazer o papel de uma dúzia de personagens sem mudar o figurino, e você enxergar claramente quem é quem.


Musical é ainda mais coisa do que uma peça de teatro tradicional. Eu sentei na primeira fila pra ver "S'imbora - A História de Wilson Simonal" (R$ 91) sem fazer ideia de quem era Simonal. Saí de lá cantando Mamãe Passou Açúcar em Mim.



Os atores não apenas não fazem pausa para relembrar os textos, como também não erram, não gaguejam, não se confundem no palco e, ainda por cima, CANTAM E DANÇAM. Gente, quem são essas pessoas? Super-heróis? X-Men? É tudo muito lindo, sabe. Eu fiquei vidrado em reparar em como aquilo tudo funciona. E o que é Rafa da Malhação nesse espetáculo? QUEM SABIA QUE ELE CANTAVA? Pois canta muito. Quando todo mundo canta e dança em cena, você não sabe em quem prestar atenção. Às vezes, eles olham para você, inclusive.


Obviamente, rolou aquele momento SÓ COM VOCÊ, FELIPE. Nunca falta, incrível. Estava eu na primeira fila quando surgiu um momento em que Ícaro-barra-Simonal começa a interagir com a plateia, ensinando pra gente "Meu limão, meu limoeiro". De repente, ele quer todo mundo cantando e dançando, e eu apenas: MEU DEUS, NÃO.

Eu nem sabia a música. Eu não sei lidar com danças.

Eu não apenas ignorei como fingi que tinha algo interessantíssimo lá no fundo do palco quando Simonal disse "AGORA OS HOMENS".

Eu: .........................

"CADÊ OS HOMENS NA PRIMEIRA FILA?"

Eu: *olha para o nada e faz uma oração de socorro a Deus"

"NÃO ADIANTA DESVIAR O OLHAR. É, VOCÊ MESMO".

Eu tive que encarar nessa hora, já vermelho como um tomate. Ele lá todo meu pé de jacarandá, e eu:



Acho que ele viu que nada sairia dali e desistiu com um "MAS, GENTE, ESSE MENINO NÃO CANTA NADA".

*risos da plateia*

Até agora estou meio traumatizado com "Meu Limão, Meu Limoeiro" e me sentindo super culpado por ter decepcionado Ícaro Silva com a minha falta de molejo e gingado.

***

Resumindo: Vale muito a pena ir. Pode ser bem mais caro que cinema, ter um ator conhecido pode elevar o preço, mas indiquei o quanto paguei nos ingressos para vocês verem que há teatro para todo mundo que tem o costume de frequentar cinema e dar 20 reais numa pipoca. Não estou dizendo que é melhor que cinema, só que é diferente e que faz bem experimentar coisas novas.

Se você não for eu, super de boa sentar na primeira fila.

Big Picturização™

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É bem provável que, a essa altura do campeonato, você já tenha ouvido falar do canal da Jout Jout no Youtube, mas, caso seus amigos sejam péssimos, tô aqui te dando esta dica amiga: vai fundo.



Eu já cultivava a filosofia da Big Picturização faz tempo, só não tinha um nome, coisa que apenas uma pessoa como Jout Jout pode dar. É bem simples e parte do princípio que você tem um problema:

Passo 1: Encare seu problema.
Passo 2: Repare no tamanho do seu problema.
Passo 3: Verifique que diferença esse problema vai fazer no seu dia.
Passo 4: Pense melhor e veja que diferença esse problema vai fazer na sua semana, no seu mês, neste ano...
Passo 5: Reflita se vale a pena parir um filho por causa desse problema.

Porque, gente, não tem condições de parir um filho por causa de um ônibus perdido. Ou de uma mancha na camisa. Ou de uma unha quebrada. Não dá para explodir por causa de um aperto no metrô ou achar que é o fim por causa de um despertador que não despertou. Como ficam seus nervos, meu bem? E a sua sanidade? E o câncer sendo gerado no seu estômago?

E, veja bem, não é o fato de reclamar, de achar uma coisa ruim. Ninguém gosta de perder o ônibus ou a hora, né? A questão é a sua reação. QUE MERDAAAA, VEIO PICLES NO MEU HAMBÚRGUER, POR QUE O UNIVERSO ME ODEIA TANTO??? TUDO DE RUIM ACONTECE NA MINHA VIDA, MERDAAAAA. Além de eu achar que você morrerá antes dos 40 (ou no corpo ou na alma), ninguém aguenta gente mala assim.

Nunca achei que fosse dizer isso, mas discordo da Jout Jout num ponto: quando ela diz que não temos problemas de verdade, "olha as crianças na África", a gente tem comida, tem um teto etc. Que gente que passa fome tá pior do que eu, isso com certeza, mas cada um vive sua realidade. Não dá para minimizar os problemas dos outros baseados numa outra realidade. Uma coisa que pode ser super idiota para mim pode ser de extrema importância para outras pessoas. Aquele menino saiu do One Direction semanas atrás, e eu tive que googlar pra saber qual carinha exatamente foi, e o mundo deve ter acabado para alguns fãs. Não se diz para uma pessoa dessas pensar nas crianças da África e parar de ser tapada. É importante para ela e ponto.

Mas, né, não custa tentar ver a Big Picture, o quadro geral da coisa toda. Às vezes, no fim das contas, o problema não deveria ter sido nem notado, muito menos provocado o apocalipse ou a volta de Jesus.

Pessoas que leem são mesmo mais legais?

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"Pessoas que leem são mais legais". É o que disse esse estudo aqui, e eu já cliquei no link achando que ia ver aquele discurso de que ler é cult, TV é pra gente burra, fora BBB etc. Mas, olha, nem foi. O que o estudo descobriu é que as pessoas que leem possuem mais empatia pelos outros, porque elas estão acostumadas a sentir empatia pelos personagens dos livros. Logo, são mais legais nesse sentido.

Parei para refletir se era verdade e, bom, faz sentido sim.

Óbvio que isso vale para série de TV, novela, filme, quadrinhos... Qualquer narrativa. Quer dizer, qualquer história com um ponto de vista favorável, onde você confia no narrador, causa empatia. Eu acho que é aí que livros transformam pessoas.

Eu já me peguei compreendendo cada gente! Já torci pra amante porque, poxa, ela merecia mais que a fiel, mesmo o cara sendo um safadão. Já torci pro cara safadão também. Já quis que a polícia deixasse o assassino em paz porque ele precisava matar, ok? Ele era uma boa pessoa. E nunca que eu vou querer que a garota mentirosa e impulsiva da Sophie Kinsella se dê mal no final. John Grisham deixou o Twitter raivoso no ano passado com uns comentários polêmicos sobre pornografia infantil, e eu só queria dizer PEDÓFILO TAMBÉM É GENTE por causa de uma tal JK Rowling e seu livro Morte Súbita, que mostra parte do drama de um pedófilo sofredor.

 Fria e Calculista

 Traficantes de Drogas

 Assassino por prazer

(Vocês estão pensando que os livros me transformaram numa pessoa horrível, né? Mas, ó, também quis bandido atrás das grades, empregadas domésticas dando lição nas patroas metidas e torço veemente pela Casa Stark, apesar de não existir família mais amaldiçoada por Deus)


Apenas um ser atormentado por uma criança mala
Brinks

A questão é que lendo a gente não vive apenas a nossa vida. Vivemos umas duzentas. Não precisei me prostituir e nem viajar no tempo para saber que prostituta do século XIX sofreu pra caramba. Misturamos fragmentos da nossa vida com alguma outra coisa diferente e, geralmente, dá certo. Daí que, ao invés de apontar nosso dedão incriminador para tudo que parece suspeito ou que a gente não entende, nós aprendemos a parar, observar e tentar compreender. Parece mesmo coisa de gente legal. Todo mundo sai ganhando.

***

Eu sei que vocês também já torceram pelo sucesso de uma galera bem dissimulada, truculenta, safada e que, à primeira vista, não desejariam ter esses seres como amigos ou sequer vizinhos, né? (Digam que sim) (Ou isso ou finjam que esse texto nunca existiu e eu sou normal)

Coisas fascinantes

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"Fascinante: adj. Encantador; que é capaz de fascinar, de causar fascínio; que é cativante."
 
Ou seja, fascinante é uma característica bastante subjetiva, de modo que eu compreendo que me interpretem mal quando uso a palavra. É frequente eu chamar algo de fascinante, e as pessoas acharem que estou sendo irônico, mas é justamente o contrário. Pera, eu acabei de definir ironia. É o contrário do que vocês pensam que é. É uma ironia irônica. Isso está ficando difícil.

VAMOS APRENDER COM EXEMPLOS.


Gente, uma vagina e um pênis cantores. Infantis! Reparem que é uma ideia que tinha tudo para dar errado, mas, de alguma forma muito mágica, foi parar na TV sueca. Sentiram a magia? Vocês conseguem imaginar o brainstorming para a produção do piloto e aprovação da série?

- A pepeca precisa de mais vivacidade. Acho que vamos ter que trocar por uma soprano, a pepeca contralto não está rendendo.
- O pênis dança bem, mas parece desafinar no refrão. Esse tipo de coisa dá para consertar.

E FOI PRA TV!

Cinquenta Tons de Cinza fez sucesso? Fascinante! Uma fanfic, pessoal, UMA FANFIC. O texto é ruim? Pode ser. A trama é absurda, chegando a ser tosca? PODE SER. Mas foi fenômeno! Bestseller! Virou filme! Muitos dinheiros!

Kim Kardashian tá aí quebrando a internet todo dia e dominando o mundo, e qual é o grande talento dessa mulher? NÃO SEI. Mas vocês concordam que para terminar com um império, tendo começado com uma sex tape, alguma coisa muito incrível tem que ter acontecido no meio? É fascinante!



Como se olha para Kim Kardashian e enxerga uma mulher inútil? Como podemos chamar uma franquia milionária de lixo completo? Como órgãos genitais QUE CANTAM na TV são uma ideia péssima?

Notem que o meu fascínio está todo na mágica que transforma um cenário não muito promissor em algo funcional. EXISTE ALGUMA COISA INCRÍVEL ALI NO MEIO. Entendem? Quando penso que "ISSO NÃO FAZ O MENOR SENTIDO E... Pera, mas está ali", fico maravilhado. É inevitável. Pode desafiar a lógica, intrigar nossos valores e dar um nó em nossos cérebros, mas, gente, existe. Está acontecendo. Atraindo pessoas. Eu curto a humanidade assim, apreciando ideias malucas e dando oportunidade para qualquer um.

"Fascinante: adj. Estas coisas malucas e maravilhosas da vida." 

***

Se você curte notícias fascinantes, eu ando compartilhando algumas na página do blog no Facebook. Textos menores que não aparecem por aqui também! A gente ri um bocado.

(Você também pode seguir o blog pelo GFC clicando na caixinha dos seguidores ali do lado - confesso que é mais pelo apoio moral mesmo -, ou receber os posts na sua caixa de entrada, deixando seu e-mail também ali na barra ao lado)

Se eu pudesse voltar no tempo...

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É impossível assistir Being Erica e não ficar pensando em tudo o que a gente já fez ou deixou de fazer na vida. Na série de TV, a protagonista vira paciente de um terapeuta não ortodoxo que a faz viajar no tempo para desfazer as escolhas erradas que ela considera ter feito na vida. COMO NÃO INVEJAR, NÃO É MESMO? 

Eu não acredito em pessoas que dizem que não se arrependem de nada, que fariam tudo de novo, mas também não vi grandes coisas que eu mudaria se tivesse oportunidade. Não encontrei nenhuma decisão que tenha estragado minha vida toda, então fiquei mais com as primeiras coisas que vieram na minha cabeça.

Se eu pudesse voltar no tempo, eu...

MARCARIA LETRA C. Ensino Médio, Olimpíada de Matemática, a escola toda competindo (1º, 2º e 3º anos). Não lembro em que série eu estava exatamente, mas sei que não era do último ano. Aquelas pessoas gigantes ainda me assustavam. A olimpíada era super concorrida porque só 6 pessoas passariam para a 2º fase, mas eu amava matemática e, mesmo disputando com pessoas supostamente mais inteligentes, eu quis participar. A prova foi tão fácil! De 20 questões, eu marquei 19 com certeza absoluta. Uma, eu chutei. Na hora de conferir o resultado, que saía na hora, o professor me disse: "Acertou 18, Felipe, parabéns". 18 era, tipo, muito, mas eu fiquei WHAT?!

O resultado saiu, e eu não passei para a 2º fase. Só gente com 19 pontos para cima que passou. Conferindo minhas respostas com todo mundo, eu vi que tinha SIM acertado 19 também. MAS COMO É QUE PODE, GENTE? Aí fui conferir a prova com o professor responsável, ele mostrou o meu cartão resposta e, risos, eu tinha marcado uma questão errada. Era C, eu marquei D. Tipo, eu sabia a resposta certa, mas, na hora de marcar, marquei a errada. OTÁRIOOOOO.

Sintam o trauma do gênio da matemática que não sabia marcar cartões resposta.


Até hoje tenho pavor de cartão-resposta. Confiro mil vezes e sempre fico pensando em como seria se eu tivesse passado para a 2º fase e, quem sabe, ganhado uma das medalhas, os notebooks para os melhores etc

GUARDARIA A CAIXA DENTRO DE CASA. Essa é da infância. Eu tinha, sei lá, 9, 10 anos? Ganhei um Master System de presente da minha mãe, foi meu primeiro video game. Vinha com o jogo do Sonic na memória, e eu fiquei maravilhado com esse novo mundo se abrindo para mim. Mais fascinado eu fiquei com a carta que veio na caixa. Era um convite! Se eu enviasse o cupom que veio junto para a caixa postal indicada, eu viraria membro de um clubinho de jogadores, receberia jogos grátis, novidades e um cartão de membro oficial pelo correio. Eu fiquei louco para mandar o cupom! Mas deixei a caixa do video game passar uma noite no quintal (não me pergunte, também não sei o motivo) e, quando acordei no dia seguinte, ela estava acabada. Destruída, rasgada, mordida, arrasada. Ela, o cupom, tudo. Ao lado dela, meu cachorro comia feliz os pedaços de papelão. OTÁRIOOOOOOO.

Sintam o trauma da criança que achou que faria parte de um clube incrível, mas ficou de fora porque foi burra.



CALARIA MINHA BOCA. Novamente no Ensino Médio, acho que no 2º ano, 15 ou 16 anos. Fiz curso técnico de Informática junto com o médio, e era dia de entrega de projeto numa das aulas do técnico. Cada aluno tinha que montar um website sobre qualquer coisa e apresentar para o professor. Aquele havia sido o ano em que eu havia ganhado meu 1º computador. Eu sabia absolutamente NADA de computador quando entrei no curso, nem ligar, segurar um mouse, NADA. Não é difícil imaginar que eu não tinha familiaridade com sites e internet.

Mas eu era esforçado. Não queria ser a pessoa caipira que não sabia o que era internet, então procurei em livros - veja bem, LIVROS - como era a aparência de um website decente. E aquele projeto foi, tipo, MEU BEBÊ. O meu site era um teste de perguntas e respostas para você saber qual personagem do Cartoon Network você era. Que adolescente meigo. Eu sempre com mentalidade de criança. Mas, enfim, fiz o melhor que pude.

O professor era muito ogro, mas eu acreditava que Johnny Bravo e as Meninas Super Poderosas podiam quebrar o coração de gelo dele ou coisa assim. Aí chegou minha vez de mostrar o site. Ele odiou. E não escondia, sabe. Estávamos numa sala com os outros alunos, ele passava no computador de cada um para ver os projetos. Ele reclamou de cada centímetro na tela. E eu realmente acho que as críticas dele eram válidas (Eu procurei em livros, gente), mas, naquela hora, eu só... MEU BEBÊEEE :(((

E o professor ficava "MAS TEM UMA INTELIGÊNCIA POR TRÁS DISSO?", "É SITE PRA CRIANÇA? CRIANÇA SABE ACESSAR ESSAS COISAS?", "VOCÊ NÃO SABE QUE LINK É AZUL?", "E ESSA FONTE GIGANTE? É SITE PRA CEGO?".




Site pra cego Hahahahahahah

Ele não parava de falar mal, aquilo foi me sufocando, eu achando que a turma toda estava prestando atenção na minha mesa, o mundo girando, eu morrendo de vergonha, eu tentando falar e ele me cortando. Aí eu:

- XIIIIIIIIUU.

Tipo, xiu. Shhhh. Chega. Também conhecido como Cala a Boca. Eu mandei o professor parar de falar.

O cara explodiu.

- QUE XIU, O QUÊ? VOCÊ TÁ PENSANDO QUE ESTÁ FALANDO COM QUEM? (Agora, sim, a turma toda estava ouvindo) MAS QUE MERDA É ESSA DE XIU PRA CIMA DE MIM? EU NÃO VOU VER CARALHO DE SITE NENHUM SEU.

E jogou o mouse na mesa, arrastou a cadeira pra trás bruscamente e me deixou lá, atordoado, com cara de bunda olhando para o meu computador sem saber como controlar a situação, morrendo de vergonha, querendo morrer de verdade. OTÁRIOOOOOO.

Sintam o trauma do jovem caipira que não sabia o que era internet e nem como o mundo era puxado.

Ou eu faria o melhor site do mundo ou apenas ficaria quieto enquanto o professor xingava minha criação se pudesse voltar no tempo.
***

E eu achando que não tinha traumas Hahahahah VEM NI MIM, DR TOM!

Mas me contem aí uma coisa que vocês mudariam se pudessem voltar no tempo. E não me venham com "não mudaria nada, faria tudo de novo", porque eu sei que vocês fizeram cagadas também.

Flertes involuntários

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Alguma coisa aconteceu na transição de pessoa sem jeito para gente simpática. Talvez, eu tenha exagerado um pouco e adquirido um efeito colateral meio bizarro: Eu flerto com as pessoas. Meio que involuntário, sabe? Na época do falecido Orkut, eu deveria ter criado uma comunidade "Sou ogro assim mesmo, não te odeio", mas, nos dias de hoje, eu entraria na clássica "Sou legal, não estou te dando mole". Ou talvez eu esteja dando mole, sim, mas é tudo coisa do meu inconsciente.

Fonte

 Vamos acompanhar os fatos.

(Mas, antes, não esperem que eu transcreva as mensagens e os diálogos exatos, porque, né, memória, não temos. Juro que o espírito está todo aí, sem exageros)

Teve um dia que eu recebi uma mensagem de um número desconhecido dizendo algo como: "Vou chegar um pouco atrasada para o casamento, guarda um lugar do seu lado pra mim!". Normal, né? Pessoas vivem se atrasando para casamentos, a gente guarda lugar na camaradagem e tal, mas tinha um porém: Eu não estava em casamento nenhum e nem indo para um. Eu nem sabia quem era a pessoa do outro lado.

Como eu deveria ter respondido: "Opa, número errado, foi engano"

O que eu respondi: "Adoraria guardar um lugar ao meu lado para você, mas, infelizmente, acho que você mandou mensagem para a pessoa errada"

Me digam: Eu acho que vivo numa comédia romântica, né? Eu estava pensando que a pessoa do outro lado era quem, a Jennifer Aniston? Ainda troquei umas duas ou três mensagens com a pessoa do outro lado, com alguns "Hahahah" simpáticos e foi só.

Dias passaram, e Rute, que é amiga de conversar todos os dias, comenta sobre o mico de ter mandado mensagem pra mim em vez de para outra pessoa que estava no casamento. Aí eu:

- Ah, era você?
- Era oO
- Nossa, não tenho este seu número
- COMO VC ESTAVA FALANDO AQUELAS COISAS TODAS COM UMA DESCONHECIDA???

Hahahahahahah ¯\_(ツ)_/¯

A Ju, por exemplo, foi outra vítima dos meus flertes involuntários. Ju sumiu por motivos de internet inoperante (Aliás, continua sumida, né? Corrente de oração pela internet da Ju, gente), daí me bateu aquela falta, sabe? A qual me fez presentear minha timeline do Twitter com a seguinte declaração inocente:

Antes, o que eu quis dizer: "Ju, volte para o Twitter!"

O que eu realmente disse: "Orando para o mundo trazer você de volta para mim"

TEMPO PARA ANALISAR A FRASE................................................................

Eu me apaixono platonicamente várias vezes (THIS), diariamente, mas raríssimas foram as vezes em que me apaixonei level hard. Eu poderia contar nos dedos de uma mão com alguns dedos faltando. Acho que as pessoas se apaixonam mais por mim do que eu por elas, e isso parece ótimo, mas não é. Já sabemos de quem é a culpa pelo menos, não é verdade? Eu mando os sinais todos errados.

***

Eu soube que tinha que parar quando fui numa livraria comprar pão buscar um livro sobre escrita que eu estava querendo muito, e o atendente me disse: "Esse livro parece ser bom, hein. Acho que vou comprar pra mim também, porque também estou escrevendo um livro".

A resposta que me veio à cabeça imediatamente: "Nossa, que legal! Compra sim. Sucesso aí no seu livro, com certeza vai ser bom. Já tem uma pessoa pra ir na noite do lançamento. Vou querer autografado :)".

Tipo. TIPO??? O atendente. Um desconhecido. Ele poderia estar escrevendo um livro sobre, sei lá, como o racismo é benéfico para a sociedade, e eu lá sendo fangirl (É um estado de espírito, transcende gêneros). Ainda bem que os deuses da sabedoria devem morar todos dentro das livrarias, porque eu tive um lapso de sanidade e usei toda minha capacidade cognitiva para responder com um simples:

"Humn".

Me salvem de mim mesmo.

Se vira aí, meu filho

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O meu projeto no TCC foi um experimento com crianças. Baseado nas ideias de um grupo de pesquisa, eu desenvolvi um jogo onde, basicamente, as crianças tinham que encaixar peças em determinados lugares, ganhando pontos com algumas combinações. Mas tínhamos dois grupos no experimento. Para um grupo de crianças, nós explicávamos a lógica do jogo, então elas sabiam o que estavam fazendo quando colocavam uma peça num lugar. Para o outro grupo, a gente só falava SE VIRA AÍ, MEU FILHO, e a criança olhava para o tabuleiro e fazia o que desse na telha.

De 100 pontos, as que sabiam as regras acertavam mais de 80. As outras acertavam menos de 20. Independentemente do grupo, todas elas perguntavam quanto tinham acertado. Eu respondia, e logo vinha a outra pergunta: DE QUANTO? Eu mentia para todas.

- Fez 15 pontos! Parabéns!
- DE QUANTO, TIO?
- Acertou praticamente tudo!
- MAS VAI ATÉ QUANTO?
- Muito inteligente! Vai lá chamar o próximo.
- MAS QUAL É O...
- VAI LÁ.

Imagina se eu falo pra criança que tirou 7 que a nota máxima era 100. Fiz questão também de dizer que eram jogos diferentes, que o número de pontos mudava e tal. Era isso ou ver as crianças comparando os pontos e reparando na grande diferença que dava. Todas elas queriam ser as mais inteligentes, então eu deixei.

Eu vendo a galera com peças diferentes

Eu acho que funciona bem assim: A gente está de boa com os nossos, sei lá, 27 pontos de vida até esbarrar com alguém com um casamento de 20 pontos, uma casa de 18, um emprego de 51. Daí a gente soma tudo, faz a conta e, meu deus, nossa vida é um horror. OLHA COMO AQUELA PESSOA ESTÁ LONGE.

Mas, partindo do princípio que você quer o melhor para sua vida, você faz o que pode. Aquela pessoa é outra pessoa. Ela começou o jogo com outras informações, com outras peças. Vai ver, nem é o mesmo jogo. Você não é ela. Ponto. Comparar os pontos, se não for para te dar motivação, só serve para mimimi. Foque no seu jogo. Foque no que você é capaz de fazer com as informações e as peças que a vida te deu. Se vira aí, meu filho.

Facilita pra gente, ok?

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Mando tantas ordens desesperadas para o meu cérebro quando vejo um conhecido na rua ("ENTRA NA LOJA", "DÁ MEIA VOLTA", "SE JOGA NO BURACO") que acho que ele já aprendeu que deve ignorar certas pessoas. Mas daí que um conhecido parou bem na minha frente, meu cérebro não deixou eu ver o cara chegar, e disse: "Felipe! Você está parecendo o papai noel kkkkk Tira essa barba kkkkk". Assim, gratuitamente.


Depois perguntam por que eu estou sumido, mas beleza. A minha barba é um assunto delicado (já comentei aqui), porque eu só faço quando deixo de gostar dela. E, quanto mais criticam, mais eu gosto. Uma barba de "papai noel" me dá a oportunidade de tecer o discurso PESSOAS, PAREM. Mas elas não entendem bem.

"Já pensou em fazer um regime?". Meu querido e minha querida, É CLARO QUE A PESSOA GORDA JÁ PENSOU EM REGIME. Todo mundo sabe o que é dieta, academia, exercício físico. "Sabia que você pode depilar?". SABIA. Claro que a menina que não depila a perna ou o cara com cabelo pelo corpo sabe que existe essa opção. As pessoas tem TV em casa, internet, espelho. "Tira essa barba kkkk".
 
Mas por que, meu Brasil?
 
Porque tá feio, ué.
 
E daí, meu Brasil?

...

Viu? Não faz diferença ALGUMA na vida de ninguém, exceto na vida da pessoa que escolheu ficar na situação em questão. Tá gordo, tá magra, tá estranha, tá barango? TANTO FAZ. Percebam como é libertador.

Ficar "bonito", de acordo com o padrão atual, é uma coisa que exige esforço. E nem todo mundo está disposto a chegar lá. Vai ver a pessoa não quer chegar lá. Ou talvez ela até queira, mas vê que o trabalho que vai dar não vale a pena (vocês sabem como é chato fazer a barba todo dia?). Ou ela está tentando chegar lá, mas não é como se o mundo fosse acabar amanhã. Não é como se a pessoa fosse MORRER por estar feia de acordo com a sua concepção de beleza. Sabe, prioridades.

É chato a pessoa já estar na contramão do mundo e ainda ter que ouvir isso todo dia. Facilita pra gente, ok?

E não me façam voltar aqui para falar disso de novo.

Pessoa certa na hora certa

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Não acredito em DESTINO, mas acredito na pessoa certa na hora certa. Muito tem se falado sobre qual o sentido da nossa vida ou qual o propósito de algumas pessoas surgirem só para sumirem depois (mentira, só conversei com duas pessoas sobre isso), então segue o relato:

Fonte
Estava eu indo fazer uma prova em Botafogo, lugar que conheço tão bem quanto a palma da SUA mão, quando notei o inevitável: estava perdido. Acho que andei o triplo do que deveria, passei por ruas desnecessárias, esbarrei numa Travessa e vi que estava indo na direção contrária da qual eu queria. Beleza, desfiz o percurso e fui para o lado certo. Felizmente, eu vou desbravar terras desconhecidas com 729 horas de antecedência.

Saí da prova junto com uma menina cujo nome jamais saberemos, batemos aquele papo da aflição de conferir respostas e só. Mas aí ela perguntou 

SE EU QUERIA CASAR COM ELA E TER TRÊS FILHOS RUIVOS, MESMO O CABELO DELA SENDO PINTADO

se eu conhecia Botafogo, e eu apenas "Dsclp". Aí perguntei o que ela estava procurando exatamente, mas só por educação, porque eu nunca sei de nada mesmo. Ela disse que queria comprar um livro, e eu "Ah, que pena, conheço nada por aqPERA A TRAVESSA". E daí fomos atrás da Travessa, que eu não fazia mais ideia de onde ficava, mas eu tinha passado por uma, não tinha? Tinha? Daí eu levei a menina por ruas erradas umas 3 vezes enquanto ela me contava com o que trabalhava, do que gostava, até que ela disse que

QUERIA ME FAZER FELIZ COMO NENHUMA OUTRA PESSOA PODERIA FAZER

tinha um noivo e que ele ia detestar se ela tivesse que viajar para outro estado. Eu já estava perdendo a fé na minha sanidade mental até que passou um moço com a bolsa da Travessa e, alguns passos depois, eu vi a livraria, que só descobri porque fiz o caminho todo errado da primeira vez. Foi um alívio. Aí eu disse que "Pronto, minha honra está restaurada", ela riu e falou

QUE ME AMARIA PARA O RESTO DE NOSSAS VIDAS, ELA NEM GOSTAVA DO NOIVO TANTO ASSIM

um obrigado e foi embora. Eu fiquei feliz por ter guiado às cegas uma pessoa até uma livraria. Ela não era a minha pessoa certa na hora certa, eu que fui a dela.

Sobre raspar a cabeça

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Eu coloquei Raspar a cabeça entre Subir num touro mecânico e Escalar e, sabe, foi bem natural. Tipo, ei, deve ser legal montar num touro mecânico. E isso tem tudo a ver com ficar careca! E não dá pra ficar careca sem escalar uma montanha, não é mesmo? Então minha lista de experiências a serem devidamente vividas ficou pronta.

Marquei a data, 15/08, porque pra tudo nessa vida é necessário um prazo. Nada de especial, é só um mês depois daquele dia e tempo suficiente para eu me preparar psicologicamente. E eu sei que vou precisar de preparo só pelo choque das pessoas quando eu conto a novidade.  As pessoas, elas não entendem.


Eu digo que vou raspar a cabeça, e as pessoas falam "Humn... Acho que você fica melhor só com a máquina 2 ou 3", daí eu respondo "Ah, não tem a ver com a estética". E elas bugam. Tem gente que ri, alguns perdem a fala (juro), outros apenas alegam que eu sou maluco (não estão tão errados).

Mas, amigos, aparência é tudo na vida? Não estou fazendo isso para ser aquele cara do antigo comercial da Coca-Cola que raspou a cabeça para ficar sexy, seria um efeito colateral muito inesperado. Eu sei que não vou ficar bonito. Vai ser mais estranho que Walter White em Breaking Bad (recomendo) ou April careca em Chasing Life (recomendo muito!), e olha que eu não tenho exatamente a beleza da Italia Ricci. MAS VIDA QUE SEGUE.

Cabelo cresce. A gente compra uma toca touca para os dias difíceis, depois o tempo passa. Mas a sensação de NÃO HÁ CABELOS vai ficar gravada para sempre. Quer dizer, existe mais uma coisa entre milhares de coisas que, com 20 e tantos anos, eu ainda não descobri como é. Eu nunca senti. E essa coisa é a água tocando de verdade o couro cabeludo e o vento soprando aqui em cima. Ou as mãos das pessoas que não resistem à uma cabeça pelada. E a luz do sol que nunca bateu. Eu quero essas pequenezas, todas elas. 


Ficar temporariamente com a cara do Bryan Cranston é um preço pequeno a pagar, eu vejo assim.
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