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E se Hannah Baker fosse uma mala sem alça?

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Eu tô me sentindo meio assim no rolê de 13 Porquês (Ou 13 Reasons Why).




Mas acontece que eu já li o livro há séculos, e aquele troço, apesar de bom, me deixou muito mal das ideias, então estou evitando a série. Recomendo esta estratégia. A história é sobre Hannah Baker se suicidando, mas deixando para trás fitas cassetes contando os 13 motivos que a levaram a fazer isso. Os 13 motivos são 13 pessoas, então vocês já imaginem aí as bad vibes nas pessoas que vão ouvir as fitas. Apenas: DEUS ME LIVRE.

Dana me representando


Aí rola a galera se identificando muito com a Hannah, porque eu acho que todo mundo alguma vez na vida já se sentiu brutalmente excluído ou sofreu bullying ou se sentiu um peso para todos e tal, porque é meio que um sentimento universal, mas acho que o que a história grita mesmo é OLHA COMO VOCÊ TRATA AS PESSOAS.



E de uns tempos pra cá eu tenho olhado MUITO para a forma com que eu trato as pessoas e, gente, é muito cansativo. Eu estou pertinho de achar que é uma tarefa impossível. A própria Hannah Baker já teve ter cagado pra alguém vez ou outra.

Existem vários motivos para uma pessoa cometer suicídio, mas, exceto pelos que envolvem transtornos psicológicos, acho que podemos resumir em falta de se sentir amado (inclusive por si mesmo) e solidão. Estou vendo os comentários no Twitter, e a galera tirando lições de vida, tipo "Seja gentil", "Dê valor às pessoas", "Escute os outros", "Saiba que todo mundo vive uma luta", "Dê atenção"etc, tudo isso é muito bom, mas você já tentou fazer isso 24 horas por dia? Tenta lá e depois me fala.

***

Uma coisa é que minha lista de Viver Pessoas vai muito bem, obrigado, só que eu tive que fazer uns ajustes. Na empolgação, eu saí colocando o nome de várias pessoas que amo e acho legais, mesmo de longe, pessoas que eu queria que SOUBESSEM que são amadas por mim. Não queria ver nenhum dos nomes da lista se sentindo sozinho, queria ser amigo de todos, bater papos profundos, jogar conversa fora, compartilhar risadas, sair junto, apoiar no que fosse preciso... Deu quase 50 nomes. Daí comecei a mandar mensagens, puxar assunto, interagir nas redes sociais, convidar para rolês e tal, e o resultado foi que...

... eu quase morri de exaustão.

Eu não consigo dar atenção para 46 pessoas do jeito que eu queria e que acho que elas merecem. Não consigo ver e ouvir todas elas, não consigo ficar batendo papo, não tenho tempo para encontrar com todas com frequência, mal acho que seja possível rolar um "Tudo bem?", "Tudo" diário. NÃO DÁ. É muita gente para pouco Felipe. Todo mundo tem mesmo uma luta, e a gente não consegue se enfiar em todas as batalhas.

Com dor no coração, eu tive que cortar nomes. E depois cortei mais. E depois mais! Agora eu tenho menos da metade do que eu inicialmente queria e ainda acho que é muito.




***

Outra coisa é que gente chata existe e eu passo por um dilema moral enorme toda vez que tenho que lidar com uma. Principalmente depois que encontrei Jesus em todos os lugarespossíveis, eu ganhei respeito por todas as pessoas, porque Jesus as ama, então eu amo também. Elas são importantes. Não quero que ninguém sofra. Então eu faço de tudo para não deixar ninguém para baixo. Eu tento ouvir, eu tento dar atenção, tento ser o ombro amigo, o porto seguro, tento ser aquela única pessoa que se importa mesmo quando ninguém dá a mínima...

Mas vocês já pararam para pensar: E se Hannah Baker fosse uma mala sem alça?

Pessoa com papo chato, folgada, abusada, que te irrita por N motivos, que bagunça com a sua sanidade mental, que não parece se importar com você da mesma forma que quer que se importem com ela ou simplesmente aquele santo que não bate... Por mais que eu queira que a pessoa seja feliz, eu quero que ela seja feliz longe de mim. Mas vai que é essa pessoa que está cogitando suicídio?

Aí penso no que Jesus faria, em 13 Reasons Why e em gente se sentindo solitária e não amada e o que rola é que eu acabo virando refém das pessoas. É tipo aqueles relacionamentos abusivos que uma pessoa fala SE VOCÊ TERMINAR COMIGO, EU ME MATO, só que apenas na minha cabeça. E eu vou arrastando isso por muito tempo, vai me matando aos pouquinhos até que um dia eu dou um BASTA e fico me sentindo culpado porque acabei de matar a Hannah Baker.

***
Em algum lugar aí eu sei que a gente tem que enfiar um equilíbrio. Não tem como tratar todo mundo como um bibelô de porcelana, mas a gente tem que saber quando aquela chacoalhada nos sentimentos vai ser DEMAIS. Mas nós que somos duros ou a pessoa que é mole? Ou cada um é de um jeito? Ai, as questões são tantas para colocar tudo numa série...



Não tem nada a ver com o post, mas adivinha quem postou vídeo novo essa semana? EU MESMO. Me deu vontade de falar sobre aquele desconforto não tão leve assim que alguns (eu) sentem ao comer na frente de outras pessoas, então falei. Também teve eu morrendo de vergonha da minha vizinha estar escutando tudo, tenho que me adaptar a essa vida de Youtuber :P



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