Um pouco complicado falar de Bells& Cia aqui no blog sabendo que mais cedo ou mais tarde Bells & Cia lerão este texto, mas esta é uma história de vulnerabilidade (e um oferecimento de Amanda Palmer, óbvio) porque começa com Bells dizendo VEM para uma pessoa aleatória da internet. No caso, eu mesmo.
¯\_(ツ)_/¯
Eu passei a minha infância com a cara enfiada em jogos de tabuleiros que eu mesmo inventei. Nossa, gente, altas noites de jogatina com minha prima e amigos. Histórias de piratas, mundo medieval, apocalipse zumbi, histórias com pokémons, Harry Potter, Jogo da Vida, Jogo da Vida com Mutantes, Jogo da Vida com Mutantes E Pokémons, valia tudo. Eu inventava um cenário, desenhava o tabuleiro, criava os personagens e, BUM, festa. Um sucesso criado a partir de folhas de ofício, caixa de lápis de cor com 12 cores e um dado surrado de 6 lados.
O tempo passou, eu cresci e, junto comigo, cresceu também o vazio causado pela falta de pessoas que jogassem RPG na minha vida (Descobri que tinha esse nome. Você inventa um personagem com várias características e vive na pele dele). Eu nunca joguei. Mas, em todo filme e série que aparecia um grupo de amigos jogando RPG, eu ficava com aquela certeza de que tinha tudo a ver comigo. Chegava a ser uma falha de caráter eu nunca ter presenciado uma mesa de RPG acontecendo. Não sei dizer quais foram as palavras mágicas exatamente, mas postei no Twitter algo como QUEM AQUI JOGA RPG??? ME CHAMEM, POR FAVOR. Daí a Bells disse VEM.
Eu sabia mais ou menos onde estava me metendo, porque a Carol já tinha contado aqui como a coisa toda nasceu, eu tinha visto as duas pessoalmente 1 (uma) (01) vez na Bienal, amo o Conversa Cult de paixão e tudo fez sentido pra mim.
Cara, eu nunca vi tanta gente ótima no mesmo lugar. Eu tenho uma regra que, se passarem 10 minutos e eu não estiver falando pelos cotovelos com as pessoas, é porque estou desconfortável e/ou querendo morrer. TIVE SUCESSO. No caminho, eu já tinha feito mil perguntas, falado mal de certos livros maravilhosos com final bosta, descoberto livros novos (ainda quero ler o livro da prosofygsduiguey, Taiany), ouvido histórias hilárias e Deus sabe o quanto eu amo gente com histórias hilárias.
Catei da Bells
O jogo em si, meu deus do céu, eu já fiquei impactado quando vi a quantidade de dados. Tantas cores, tanto brilho, TANTOS LADOS. COMO ASSIM TANTOS LADOS, GENTE? Foi a primeira vez que toquei em dados com mais (e menos!!!) de 6 lados. O meu eu criança ia ficar ALUCINADO com aquele dado de 20 lados. Nossa. VINTE LADOS!!! Muitas possibilidades. Aquela criança fazia muito milagre com 6 faces. Com 20, ela dominaria Nova Iguaçu. Dados à parte, imaginem 5 ou 6 pessoas em volta de uma mesa, muitas fichas de papel, o mestre com o notebook dando play em efeitos sonoros (música de suspense, aventura etc) e um tabuleiro quase que imaginário. Eu fui no céu quando o mestre simplesmente pegou uma folha de papel, desenhou o tabuleiro, fez uns quadrados e, pronto, tava ali a cena. Era EXATAMENTE como eu fazia quando criança! Fiquei maravilhado.
Assim, é muito complexo, tem que relembrar a história, ENTRAR no personagem, memorizar as pontuações das fichas e praticar a imersão, mas a risada é garantida.
O mestre pode inventar qualquer coisa. "Tem uma pedra rolando pra cima de vocês", "Fulana caiu num buraco", "Nasceu um terceiro olho na testa de Ciclana, o que vocês vão fazer?". E fica todo mundo "QUÊ???". Uma surpresa em cada esquina. É uma história acontecendo em tempo real. O mestre diz o que está acontecendo e os personagens decidem como querem reagir.
Eu fui só para ficar olhando mesmo e adorei. Quer dizer, gente, apenas que nasci para ser mestre. Sempre fui GameMaker, né? Escrever as histórias, montar os desafios, ri da cara dos personagens quando tomarem uma banda, eu gosto assim. Que jogo de gente doida. Talvez, não seja um tipo de jogo para todo mundo, é muito imaginativo e leva hoooooras, mas fica aí a dica de que existe. O mais legal é que é muito adaptável e você pode criar RPG de QUALQUER COISA (Já imaginando um de Jogos Vorazes e Survivor). Eu amei e quero mais.
Cara, eu deveria dar uma de doido e me jogar no Twitter mais vezes. Recomendo :)
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Cara, eu deveria dar uma de doido e me jogar no Twitter mais vezes. Recomendo :)