Tenho tentado praticar o desapego com todas essas coisas que não importam. Desapego das paranoias, das vergonhas, das tralhas... Mas, se tem um desapego que eu não consigo praticar, é o desapego do banheiro. Mais especificamente, do banheiro da minha casa. Antes do Meu Corpo, Minhas Regras vem o Meu Banheiro, Meu Templo.
A Rute me mandou essa imagem por whatsapp dias atrás comprovando aí meu apego.
Gente, se eu preciso MUITO, eu uso outros banheiros, mas rola todo um dilema interior até que eu aceite sentar a bunda numa privada alheia, desconhecida e sem afinidade comigo. Eu tenho tanta paranoia com banheiros, que, quando eu entro em um, soa o alarme na minha cabeça BANHEIRO INCOMPATÍVEL, ABORTAR MISSÃO. Já considero prisão de ventre uma benção disfarçada, porque é o tempo que eu preciso para chegar em casa e ser feliz.
Se vocês ainda não estão convencidos, eu passei TRÊS ANOS estudando na mesma escola sem nunca ter ENTRADO no banheiro de lá. Avaliem. Mas, beleza, eu não preciso mesmo do banheiro de vocês, só do meu, dá pra viver.
Porém, já que é meu cômodo favorito da casa um ambiente tão importante pra minha paz interior mim, esse ano eu resolvi fazer uma reforma nele. Aumentar, deixar mais bonito, consertar as coisas que me irritam diariamente e tal. Contratei pedreiro, comprei material, tomei várias facadas (gente, tá aí uma coisa que não é barata. E o meu banheiro nem é grande!) e, voilá, obra começando. O plano para alargar o banheiro era construir novas paredes em volta e depois derrubar as paredes atuais, porque assim a gente poderia continuar usando o banheiro sem ter que passar pelo infortúnio de não ter banheiro na casa enquanto a obra seguia. Eu já contei a história no Twitter, mas, gente, precisava recontar aqui, porque, JESUS, roteiristas não me abandonam.
O telhado do banheiro DESABOU em cima do pedreiro. E por desabou eu quero dizer que caiu todinho mesmo. Era um banheiro muito engraçado, não tinha teto, não tinha nada, ninguém podia fazer xixi, porque QUAL PARTE DE NÃO TEM TETO VOCÊ NÃO ENTENDEU? Etc. O pedreiro sobreviveu (mas não muito), porém eu ganhei um banheiro conversível. Vocês não imaginam como está sendo tragicômico tomar banho e cagar ao ar livre.
ATENÇÃO! CENAS EXCLUSIVAS DA TRAGÉDIA!
Percebam que eu meio que moro numa floresta, né? Então é toda uma experiência de sentar na privada e poder dar um alô pra Mãe Natureza, ouvir o canto dos pássaros e tomar susto com as siriguelas caindo do pé. Gente, e o medo de entrar uma cobra ou um morcego à noite? Vejam as coisas ridículas com as quais eu tenho que me preocupar na minha vida de jovem adulto. Nesse fim de semana, choveu a beça e eu me vi tomando banho de chuva e de chuveiro ao mesmo tempo. Eu gargalhei quando minha mãe entrou no banheiro pra fazer xixi abrindo um guarda-chuva HAHAHAHAHAHAHAH
PRA COMPLETAR, minha mãe me liga pra dar uma notícia:
- Tenho uma notícia triste pra te contar.
- MINHA VÓ MORREU???
- Não!
- Alguém morreu?
- Também não.
- Então não é triste.
- O pedreiro infartou.
- AI, MEU DEUS, NÃO
- E desmaiou
- GENTE
- E bateu com a cabeça quando caiu
- JESUS, TENHA PIEDADE DESSA ALMA
- Então ele não vai terminar o banheiro quando disse que ia
- Nossa, só por causa de um traumatismosinho craniano a pessoa já quer atrasar a obra
- FELIPE
- Eu tô brincando Hahahahahah
MAS, GENTE, MEU BANHEIROOOOOOO. Agora mesmo eu estou aqui correndo o risco de uma criatura hostil invadir minha casa por lá, ALGUÉM ME AJUDA, PLMDDS. Eu não sei quando essa obra vai terminar, como poderei lidar com meu banheiro como uma pessoa normal e não como uma questão de vida ou morte. Confesso que tem horas que a coisa toda é bem engraçada, mas eu preciso do meu banheiro de volta.
Moral da história: Esse pedreiro é amaldiçoado, só pode.
Outra moral da história: Lembrem de mim quando estiverem sentados bonitinhos na privada de vocNÃO PERA Saibam dar valor ao banheiro com teto de vocês.